Fora escândalos, Lula prioriza troca de ministras mulheres no governo

São Paulo, 06 – A chegada da ex-ministra do Desenvolvimento Social Márcia Lopes para assumir a pasta das Mulheres é a 12ª troca de ministros do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Sem contar os casos de escândalos, em que houve pressão para tirar algum chefe do comando das pastas, Lula preferiu mexer em ministérios chefiados por mulheres para acomodar novos acordos partidários ou por insatisfação do próprio governo.

Além de Cida Gonçalves, que comandava o Ministério das Mulheres, outras três ministras já foram tiradas da Esplanada pelo petista Essa é a primeira vez, entretanto, que a cadeira deixada por uma mulher é assumida por outra política.

Dos 37 ministérios iniciais do terceiro mandato de Lula, dez eram comandados por mulheres. Agora, com as trocas, incluindo a chegada da presidente do PT, Gleisi Hoffmann, para comandar a Secretaria de Relações Institucionais (SRI) no lugar de Alexandre Padilha, e Macaé Evaristo, nos Direitos Humanos, são nove ministras – dos atuais 38 ministérios.

Mesmo sem denúncias ou envolvimento em escândalos, quatro das dez ministras foram demitidas. Com o mesmo parâmetro, as trocas de ministros ocorreu em apenas duas ocasiões, com Márcio França saindo de Portos e Aeroportos e indo para o então recém-criado Microempreendedorismo, e Paulo Pimenta, demitido da Secretaria de Comunicação Social da Presidência (Secom) após queda na popularidade de Lula.

Duas trocas foram ainda no primeiro ano de governo, em julho e em setembro de 2023. Com seis meses de governo, Lula demitiu a deputada federal e então ministra do Turismo, Daniela Carneiro, e nomeou o deputado federal Celso Sabino, ambos do União Brasil. A mudança foi uma forma de tentar agradar ao Centrão e buscar apoio do Congresso.

Na esteira da “minirreforma ministerial” daquele ano, a então ministra dos Esportes, Ana Moser, também foi demitida por Lula na tentativa de trazer o PP e o Republicanos para a base governista. No lugar dela, entrou o deputado federal André Fufuca, aliado do então presidente da Câmara, Arthur Lira, ambos do PP.

Com a saída de Padilha e a entrada de Gleisi na pasta da articulação, o então ministro foi realocado no Ministério da Saúde, de Nísia Trindade. A saída dela, entretanto, não foi tão amigável. Em seu discurso de despedida, a socióloga e sanitarista disse que foi alvo de ataques misóginos enquanto ocupou o cargo.

Ministros caídos diante de denúncias ou escândalos

O ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, foi o quarto ministro de Lula a cair diante de denúncias, pressionado pelo escândalo dos descontos indevidos de aposentados e pensionistas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Juscelino Filho, ex-ministro das Comunicações, pediu demissão em abril após ser denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) sob acusação de desviar emendas parlamentares, investigação que teve origem em uma série de reportagens do Estadão. Polêmicas também derrubaram Gonçalves Dias, do GSI, flagrado adotando postura passiva durante a quebradeira do 8 de Janeiro.

Antes de Juscelino, Silvio Almeida, ex-ministro dos Direitos Humanos, foi demitido após ser acusado de assediar sexualmente integrantes do governo, inclusive a ministra da Igualdade Racial, Anielle Franco.

Estadão Conteúdo

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