ANDRÉ FONTENELLE
VATICANO (FOLHAPRESS)
O arcebispo emérito de Aparecida, dom Raymundo Damasceno Assis, saudou a escolha do cardeal americano Robert Prevost. Segundo ele, o papa Leão 14 terá “um olhar especial para a América Latina”, por ter exercito parte de seu ministério no Peru, e dará prioridade a questões sociais.
“Fundamentado na breve mensagem que ele dirigiu logo após sua eleição, lá no balcão da Basílica de São Pedro, àquela multidão reunida e transmitida ao mundo todo, ele insistiu no tema da paz. Seu pontificado vai dar como prioridade a construção da paz no mundo de hoje, marcado por cerca de 30 conflitos”, afirmou.
Dom Raymundo, 88, não participou do conclave, limitado aos cardeais com menos de 80 anos. Mas viajou para o Vaticano com os sete cardeais brasileiros votantes e ficou hospedado com eles no Colégio Pio Brasileiro, instituição de ensino mantida em Roma pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil).
Para dom Raymundo, a própria escolha do nome é simbólica. “Faz lembrar Leão 13, o papa da primeira encíclica social, Rerum Novarum, citada frequentemente por documentos oficiais da Igreja. Isso significa que ele dará prioridade à questão dos trabalhadores, do operariado, dos desempregados, dos refugiados, dos imigrantes que andam em busca de uma vida melhor. Que estarão como prioridade no seu pontificado.”
O arcebispo emérito ressaltou a referência feita por Leão 14 à sinodalidade, conceito central do pontificado de Francisco, que valoriza a comunhão de toda a humanidade. “O tema começou com o papa Francisco, mas não chegou ao final”, analisou. “Ao falar disso, ele mostrou que quer dar uma continuidade a esse tema. O trabalho da Igreja se expressa na comunhão, na participação e na missão. Será um papa aberto para escutar a todos, dentro e fora da Igreja.”
Dom Raymundo afirmou que Leão 14 “será um papa da escuta e do diálogo”. E deu a entender que os cardeais latino-americanos tiveram peso forte em sua eleição no conclave. “Mais uma vez a América Latina dá essa contribuição para a Igreja. Ele viveu no Peru grande parte da sua vida. Isso significa que ele terá um olhar muito especial para a América Latina. Ele tem um coração de missionário, uma Igreja em saída que vai às periferias geográficas. Temos que agradecer e louvar a Deus pela escolha. Espero que ele tenha um pontificado muito fecundo, com a simpatia e o respeito de todos.”