FOLHAPRESS
Índia e Paquistão voltaram a trocar ataques de artilharia nesta quinta-feira (8), ao longo da fronteira da disputada região da Caxemira. A nova ofensiva ocorreu um dia após um dos confrontos mais violentos entre os dois países em mais de duas décadas.
De acordo com os balanços mais recentes divulgados por ambos os lados, ao menos 44 civis morreram – 31 no Paquistão e 13 na Índia. O governo de Nova Déli também disse que um soldado foi morto ao ser atingido por disparos paquistaneses.
O Exército do Paquistão afirmou ter abatido 25 drones indianos em diferentes regiões, como Karachi e Rawalpindi. Um dos aparelhos atingiu uma instalação militar próxima a Lahore, deixando quatro soldados feridos.
Do outro lado, a Índia declarou ter interceptado e frustrado ataques com drones e mísseis lançados pelo Paquistão contra alvos militares. Os episódios evidenciam a crescente escalada do conflito entre as potências nucleares vizinhas.
O agravamento da tensão atual teve início após um ataque na Caxemira indiana, que matou 26 pessoas, a maioria turistas hindus, em 22 de abril. Duas semanas depois, na quarta (7), a Índia afirmou ter bombardeado “infraestruturas terroristas” no Paquistão, intensificando o confronto na região.
Islamabad havia negado a acusação e prometido retaliar os ataques de mísseis, dizendo também que abateu cinco aeronaves indianas. A embaixada da Índia em Pequim classificou os relatos de caças abatidos como desinformação.
A relação entre Índia e Paquistão tem sido conflituosa desde a partilha da então Índia britânica em 1947, que resultou na independência de ambos os países. Desde então, eles travaram três guerras -duas pela Caxemira- e inúmeros confrontos. Ambos também desenvolveram armas nucleares.
Nesta quinta, ministros do governo indiano disseram em uma reunião de partidos políticos em Nova Déli que os ataques ao Paquistão mataram “mais de cem terroristas” e que a contagem ainda estava em andamento.
No vale da Caxemira, o teleférico em Gulmarg, uma grande atração turística, foi fechado devido à sua proximidade com a fronteira com o Paquistão. Um gerente de hotel que não quis ser identificado disse que a polícia ordenou a retirada do hotel na noite de quarta. Exercícios de blecaute foram realizados nas regiões fronteiriças da Índia à noite.
Em meio ao temor de uma retaliação paquistanesa aos ataques indianos, moradores de várias cidades no estado indiano de Punjab, que faz fronteira com o Paquistão, correram para estocar itens essenciais, segundo relatos da mídia local.
A autoridade de aviação do Paquistão suspendeu temporariamente os voos nos aeroportos de Lahore, Karachi e Sialkot, no nordeste do país, até as 12h locais (4h de Brasília). Nenhuma justificativa oficial foi divulgada para a medida.
Apesar do compromisso do governo paquistanês de responder aos ataques da Índia, o ministro da Defesa, Khawaja Muhammad Asif, afirmou ao jornal The New York Times que o país está disposto a buscar um desaceleramento do conflito.
O ministro das Relações Exteriores indiano, Subrahmanyam Jaishankar, disse que Nova Déli não pretendia escalar a situação. “No entanto, se houver ataques militares contra nós, não deve haver dúvida de que serão recebidos com uma resposta muito, muito firme”, disse ele na reunião da Comissão Conjunta Índia-Irã.
Diante da declaração da Índia de que “responderá se o Paquistão responder”, potências globais apelaram por uma redução das tensões. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou na quarta esperar uma solução entre os dois países e disse estar disposto a ajudar.
A China instou ambos os países a agirem no interesse maior da paz e estabilidade, com o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores chinês dizendo que Pequim estava pronta para trabalhar com a comunidade internacional “para evitar ações que compliquem ainda mais a situação”. A Rússia também pediu contenção.