Em Karatê Kid: Lendas, que estreia nesta quinta-feira (8), a franquia retorna aos cinemas prometendo cruzar gerações, unir mestres e apresentar um novo pupilo para a galeria de lutadores que marcaram o imaginário pop. A missão é ambiciosa: equilibrar nostalgia e renovação, tradição e reinvenção. E, embora o filme oscile entre repetição e surpresa, a fórmula ainda parece ter fôlego para mais um golpe certeiro.
O longa traz de volta duas figuras icônicas: Daniel LaRusso (Ralph Macchio), o eterno “Daniel-san”, e o Sr. Han (Jackie Chan), protagonista do reboot de 2010. Juntos, eles treinam o novo herói da vez: Li Fong (Ben Wang), um adolescente deslocado que se muda para Nova York e, como manda o roteiro clássico, cruza o caminho de valentões, paixões adolescentes e uma chance de redenção através das artes marciais. É o mesmo tabuleiro, com peças reorganizadas.

Foto: Divulgação/Sony Pictures
Durante boa parte do filme, no entanto, quem espera um show de participações especiais pode se decepcionar. Daniel LaRusso demora a aparecer — e quando aparece, pouco interfere. Mr. Han, apesar de mais presente, também só entra com força após metade da trama. O protagonismo é todo de Li, o novo Karate Kid, que conduz a narrativa em ritmo próprio. E isso, curiosamente, funciona.
A direção de Jonathan Entwistle tenta equilibrar homenagens aos clássicos e um olhar mais contemporâneo. Mas em vez de um novo capítulo coeso, Lendas soa como um episódio perdido de Cobra Kai misturado a um reboot inacabado. A história começa parecendo uma releitura dos dois primeiros filmes da franquia, ensaia seguir por outro caminho e, quando menos se espera, retorna ao terreno conhecido do torneio final, bullying e chute da vitória.

Foto: Divulgação/Sony Pictures
A repetição é evidente, mas não necessariamente um problema. Assim como O Despertar da Força reciclou a jornada do herói de Uma Nova Esperança, Karatê Kid: Lendas aposta na segurança da estrutura conhecida — e há conforto nisso. Mesmo quando sabemos exatamente quem vai apanhar, quem vai aprender a lição e qual golpe encerrará a luta, seguimos assistindo. Porque, no fundo, é disso que se trata a nostalgia: saber o final e, ainda assim, torcer.
O que realmente se destaca é a química entre Jackie Chan e Ralph Macchio — quando finalmente dividem cena, o filme ganha fôlego e humor. Pena que essa parceria aconteça tão tarde. A energia entre os dois senseis poderia facilmente sustentar uma aventura própria. Já Ben Wang entrega um protagonista carismático e cheio de potencial, mesmo preso a uma narrativa que reluta em deixá-lo brilhar completamente.

Foto: Divulgação/Sony Pictures
Apesar dos tropeços, Karatê Kid: Lendas cumpre o que promete: diverte, emociona e deixa o público com um sorriso no rosto. Não revoluciona, mas reaquece o espírito da franquia. Para os fãs de longa data, é um reencontro caloroso. Para os novos, uma boa porta de entrada. Não é um novo clássico, mas também não é um erro. É, simplesmente, mais uma boa história de superação com faixa na cabeça e coração no lugar certo.
Conclusão
No fim das contas, talvez o maior trunfo de Lendas seja lembrar ao público que, às vezes, a mesma velha história — contada com sinceridade e um pouco de acrobacia — ainda pode nocautear o tédio com um só golpe.
Confira o trailer:
Ficha Técnica Direção: Jonathan Entwistle; Roteiro: Rob Lieber; Elenco: Jackie Chan, Ralph Macchio, Ben Wang, Josué Jackson, Sadie Stanley, Ming-Na Wen, Justin Brown; Gênero: Ação; Duração: 94 minutos; Distribuição: Sony Pictures; Classificação indicativa: 12 anos; Assistiu à cabine de imprensa a convite da Espaço Z