SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O dólar abriu em baixa nesta quarta-feira (7), mas inverteu o sinal e fechou com alta de 0,58%, cotado a R$ 5,743, seguindo a tendência de valorização da divisa dos EUA globalmente.
Foi a terceira sessão seguida de ganhos da moeda, marcada pela decisão do Fed (Federal Reserve, Banco Central dos Estados Unidos) de manter a taxa de juros dos EUA inalterada, e pela expectativa antes do anúncio da Selic pelo BC (Banco Central), à noite.
Já a Bolsa fechou com queda discreta de 0,08%, a 133.397 pontos, após ter encerrado perto do zero a zero na terça, quando subiu 0,01%, a 133.515 pontos.
Depois de marcar a cotação mínima de R$ 5,6972, uma baixa de 0,25%, às 9h06, a divisa dos EUA oscilou em alta ante o real durante praticamente todo o dia.
Alguns agentes reforçaram as posições compradas em dólar antes das decisões do Fed e do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC sobre juros. O avanço também estava em sintonia com a alta do dólar ante boa parte das demais divisas no exterior.
O mercado esteve atento às decisões de bancos centrais pelo mundo sobre taxas de juros. O destaque foi o anúncio do Fed, no meio da tarde, de manter a taxa de juros inalterada, na faixa de 4,25% a 4,50%, apesar da pressão de Trump para reduzirem as taxas por lá.
O presidente do Fed, Jerome Powell, fez uma série de alertas sobre o cenário econômico americano.
Em entrevista coletiva, ele afirmou que a incerteza é tão grande neste momento que o banco central dos EUA não pode fazer mudanças nos juros para lidar com o rumo que a economia possa estar tomando.
“Não é uma situação em que possamos ser preventivos porque, na verdade, não sabemos qual será a resposta correta aos dados até que vejamos mais dados”, disse.
Powell disse ainda que, caso os aumentos de tarifas de importação anunciados pelo presidente dos EUA, Donald Trump, sejam mantidos, será possível ver uma inflação mais alta e um nível de emprego mais baixo. O controle da inflação e a geração de empregos são justamente as duas metas perseguidas pelo Fed.
Às 16h25, após a decisão do Fed e os comentários de Powell, o dólar atingiu a máxima da sessão, de R$ 5,765, uma alta de 0,94%.
Para Danilo Igliori, economista-chefe da Nomad, o comunicado da decisão e a fala de Powell mostraram que o Fed reconhece o aumento das incertezas causado pelos anúncios das medidas relativas às políticas comerciais e os respectivos riscos de deterioração do contexto macroeconômico.
“No entanto, Powell foi enfático em dizer que a economia permanece em boa forma e que ainda não é possível antecipar de forma precisa o que virá pela frente. Em suas palavras, o comitê não tem pressa: esperar, observar e assistir o desenrolar dos fatos parece ser a melhor estratégia do momento.”
Enquanto digeria a decisão do Fed, o mercado brasileiro aguardava a decisão do Copom sobre a taxa básica Selic.
O comitê já havia anunciado anteriormente que deve elevar a taxa Selic, agora em 14,25% ao ano, em uma magnitude menor que os aumentos anteriores recentes de 1 ponto percentual -81% das apostas apontam para uma alta de 0,5 ponto percentual (14,75%) enquanto 19% preveem aumento de 0,25 ponto percentual (14,50%).
Caso o Copom eleve de fato a taxa para 14,75% ao ano, esse será o maior nível de juros registrado em 19 anos.
“A gente está com um juro muito elevado no Brasil, quase 15% ao ano. Inclusive hoje, na superquarta, nós estamos esperando mais uma alta de juro”, disse Davi Lelis, especialista e sócio da Valor Investimentos.
Segundo Tiago Feitosa, fundador da T2 Educação, a confirmação de uma alta da Selic colocaria “a taxa no fim do ciclo de alta e, por isso, a tendência passa a ser de redução da taxa nos próximos meses”.
Em reunião da FPE (Frente Parlamentar do Empreendedorismo), nesta terça, o vice-presidente e ministro da Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, voltou a defender que o Banco Central não considere as variações de preços de alimentos e energia ao analisar a inflação para tomar decisões de política monetária.
Alckmin disse que uma taxa Selic em nível alto tem um “impacto brutal” sobre o custo de capital e a competitividade do Brasil, além de um “efeito gigantesco” sobre a dívida pública.
À tarde, o BC informou que o Brasil fechou o mês de abril com fluxo cambial total positivo de US$ 7,220 bilhões, resultado de saídas de US$ 965 milhões pela via financeira e entradas de US$ 8,185 bilhões pela via comercial.
Já a balança comercial brasileira registrou um superávit de US$ 8,153 bilhões em abril, um recuo de 3,3% sobre o saldo apurado no mesmo mês do ano passado, conforme o Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).