Casos de acidentes próximos a setores de inflamáveis se espalham pelo mundo

Incêndio em tanques de combustível da empresa Ultracargo, no terminal da Alemoa, em Santos

Casos de acidentes que levaram a destruição e mortes em áreas de armazenamento de combustíveis e solventes, no Brasil e no mundo, não são incomuns. Com avanço de práticas de segurança esse cenário se tornou menos volátil, mas ainda sim há quem o desafie e insista em se aproximar dessas regiões (muitas vezes por falta de conhecimento ou de oportunidade) para morar.

Em 2018, na antiga Refinaria de Manguinhos — atual Refit —, na Zona Norte do Rio de Janeiro, o fogo começou em um caminhão e logo se espalhou para outros veículos de transporte e armazenamento de combustíveis. As chamas começaram após a explosão no caminhão-tanque durante o descarregamento de um produto altamente inflamável. Toda a operação de arrefecimento para evitar que o estrago fosse maior foi feita pelos próprios brigadistas até a chegada do Corpo de Bombeiros. A prioridade foi não deixar com que outros recipientes de armazenamento fossem atingidos, enquanto o produto inflamável se consumisse.

Funcionários, à época, contaram que, para que as chamas não alcançassem mais veículos, ao menos 30 caminhões com produtos inflamáveis foram retirados do local, mesmo com perigo de vida para os motoristas que participaram da operação.

Outro caso ocorreu na fábrica de Ribeira, na Ilha do Governador, em fevereiro deste ano. Uma linha de produção pegou fogo, poucos dias após sua desativação. O material altamente inflamável gerou uma fumaça que se espalhou por quilômetros, chegando a bairros vizinhos.

Ao menos 100 militares de vários batalhões, segundo informações do período, foram deslocados para conter as chamas.

Nos dois episódios não houve vítimas fatais, entretanto, o comércio e moradores da região acabaram sofrendo impactos causados pela fumaça que se espalhou.

Um incêndio de grandes proporções, em 2015, atingiu seis tanques de combustíveis da Ultracargo na região do Porto Saboó, em Santos. O episódio foi seguido de diversas explosões, o que acabou interditando a Rodovia Anchieta, principal linha de acesso à Baixada Santista.

Casos pelo mundo

Diversos casos têm se espalhado pelo mundo. O primeiro ocorreu em dezembro, na região da Toscana, na Itália. Segundo matérias da época, cinco pessoas morreram e outras 14 ficaram feridas, após uma explosão.

De acordo com a empresa petrolífera italiana ENI, a explosão ocorreu em um depósito localizado em Florença. As causas não haviam sido encontradas. As chamas não alcançaram os tanques próximos, ficando confinada a área de carga e descarga.

Um caso mais grave ocorreu em 2023. Uma explosão em um terminal de petróleo na capital da Guiné, Conacri, causou 14 mortes e feriu 190 pessoas. O incidente danificou 13 tanques de armazenamento de combustível, levando o governo a alertar sobre possíveis cortes de energia devido à escassez de combustível. A maioria das centrais elétricas da Guiné funciona com gasóleo, e a explosão afetou as operações de mineração no país, que é o segundo maior produtor mundial de bauxita.

Prevenção

O subsecretário de Defesa Civil do Distrito Federal, coronel bombeiro Sandro Gomes, explica que quanto maior o nível de combustível armazenado, maior o poder de explosão e de derramamento de materiais.

“A indústria ali tem capacidade técnica e brigadistas, mas as residências próximas a esses locais não têm a mesma capacidade de evacuação. Esses locais têm gasodutos, oleodutos, que podem derramar”, destaca o coronel.

O Coronel Sandro destaca ainda que os riscos variam muito, a depender de cada cenário. “As variáveis de risco são muitas. Pode ocorrer derramamento de líquido, transbordo, vazamentos, faíscas que podem causar incêndios. Alguns tanques podem ter apenas gases. São vários os tipos de riscos para aquelas construções. Um incêndio, localizado em um tanque pode ser mais controlado, o problema é o derramamento de líquido, pois seria necessário fazer uma barreira de contenção para que o combustível não se alastre”, concluiu.

Ação

Órgãos do Governo do Distrito Federal têm realizado, desde a segunda-feira, a remoção de edificações precárias. Em nota, a Secretaria DF Legal informou que na ação de ontem, no Setor de Inflamáveis, foi desconstituída uma edificação precária de madeira, uma edificação em alvenaria e removidas diversas ferragens.

Entre segunda e terça, ao todo, foram outras 39 edificações desconstituídas, desligados 19 pontos de energia clandestina, obliteradas duas fossas sépticas e uma cisterna.

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