BEATRIZ GOMES E EDUARDA ESTEVES
SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)
O ataque de mísseis da Índia contra o Paquistão e a Caxemira paquistanesa deixou ao menos 31 mortos e 57 feridos, informou o porta-voz militar paquistanês Ahmed Sharif Chaudhry na noite (horário local; tarde no horário de Brasília) desta quarta-feira (07).
Número de mortos e feridos aumentou desde anúncio anterior do Paquistão. Segundo a CNN Internacional, Chaudhry afirmou que os disparos realizados pela Índia na “Linha de Controle”, área fronteiriça e alvo de disputa na região da Caxemira, foi uma das razões para o aumento no número de vítimas. Após o ataque, o governo paquistanês relatou que pelo menos oito pessoas morreram e 35 ficaram feridas.
Primeiro-ministro paquistanês disse que a Força Aérea do país abateu jatos indianos em “pedacinhos” durante batalha aérea de uma hora. Em discurso televisionado, Shehbaz Sharif declarou que em apenas algumas horas o “inimigo caiu de joelhos” e acrescentou que as mortes dos seus cidadãos serão vingadas. Ele não detalhou quando ocorreu a disputa e ainda falou que sua nação é uma das mais afetadas pelo terrorismo na região.
“Havia 57 aviões no espaço aéreo quando a Índia fez o ataque”, disse Chaudhry. O militar afirmou que milhares de passageiros, incluindo os clientes de companhias aéreas do Oriente Médio e do Leste Asiático, ficaram em perigo com a ação. Ele ainda compartilhou imagens do site de rastreamento de voos FlightRadar2 que mostram vários aviões no espaço aéreo paquistanês no momento da ação indiana.
Ministro da defesa paquistanês afirmou que ataques contra a Índia só atingirá alvos militares e não civis. Khawaja Asif disse em entrevista canal de notícias paquistanês Geo News que as ações “respeitarão o direito internacional”.
Autoridades indianas dizem que pelo menos 12 pessoas foram mortas. Ao menos 50 também ficaram feridas na Caxemira administrada pela Índia devido a disparos paquistaneses, ainda conforme o governo indiano.
ATAQUE INDIANO AO PAQUISTÃO
A Índia lançou os ataques na madrugada de quarta-feira. Eles assumiram a autoria do ataque e alegaram estar alvejando “campos terroristas” que serviam como centros de recrutamento, plataformas de lançamento e centros de doutrinação, além de abrigar armas e instalações de treinamento. Explosões foram ouvidas em diversas regiões do país.
O Paquistão chamou o ataque de “ato flagrante de guerra”.
Autoridades distritais disseram que disparos de morteiros e armas leves entre os dois Exércitos na Linha de Controle continuaram durante a manhã de quarta e mataram pelo menos seis civis do lado paquistanês.
Cinco caças e um drone indianos foram abatidos, de acordo com fontes de segurança paquistanesas. Eles não comunicaram onde eles foram abatidos, nem como.
Índia e Paquistão estão em estado de tensão. O ataque de ontem ocorreu em represália a atentado cometido na Caxemira indiana, em 22 de abril, quando ao menos 26 pessoas morreram na cidade turística de Pahalgam. Homens armados abriram fogo contra turistas.
Autoridades indianas classificaram a ação de abril como o pior ataque contra civis em anos. Embora o atentado não tenha sido reivindicado, Nova Delhi acusou Islamabad, que negou categoricamente qualquer envolvimento. Nenhum grupo assumiu a responsabilidade pela ação.
ÍNDIA DECLAROU ‘GUERRA DA ÁGUA’ AO PAQUISTÃO
A Índia vai “cortar a água” dos rios que nascem em seu território e passam pelo Paquistão. O governo indiano anunciou a suspensão de sua participação em um tratado de compartilhamento de recursos hídricos assinado em 1960 com o Paquistão, como resposta ao ataque de 22 de abril. “A água que pertence à Índia e que até agora fluía para fora será retida para servir aos interesses da Índia e será utilizada dentro do país”, declarou o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, em um discurso público.
Horas antes da declaração de Modi, o Paquistão já havia acusado a Índia de alterar o fluxo do rio Chenab. “Notamos mudanças no Chenab que não tem nada de natural […] O fluxo normal do rio foi consideravelmente reduzido de um dia para o outro”, disse à AFP Kazim Pirzada, ministro da Irrigação da província paquistanesa do Punjab, que faz fronteira com a Índia.
O tratado foi assinado em 1960. O acordo estabelece que ambos os países compartilhem o controle da bacia de seis rios da Caxemira, que se unem mais adiante formando o rio Indo, no território paquistanês. Com a decisão unilateral da Índia de suspender o pacto, o Paquistão advertiu que qualquer tentativa de modificar o fluxo desses rios será considerada “um ato de guerra”.