A endometriose é uma doença inflamatória e crônica que afeta milhões de mulheres no mundo todo — e pode levar anos até ser diagnosticada.
Segundo o ginecologista, obstetra e especialista em reprodução humana Vamberto Maia Filho, a condição ocorre quando o tecido que reveste o útero, chamado de endométrio, cresce fora do órgão, atingindo áreas como ovários, trompas, bexiga ou intestino.
“As causas ainda são desconhecidas. Existem teorias, mas nenhuma é totalmente aceita. O que sabemos é que essas células, que deveriam estar só no útero, acabam se espalhando e causando inflamação em outras regiões do corpo”, explica.

Endometriose: a doença invisível que adoece em silêncio
Quais os sintomas?
O principal sintoma é a dor. As cólicas menstruais costumam ser intensas, e a dor pode se tornar crônica. Outros sinais também chamam atenção:
– Dor durante a relação sexual;
– Dor ao evacuar ou urinar;
– Fadiga constante;
– Dificuldade para engravidar;
– Sangue na urina ou nas fezes;
– Dormência nas pernas;
– Sintomas intestinais, como diarreia ou constipação.
A endometriose tem cura?
Não. De acordo com o especialista, a endometriose depende do estrogênio, hormônio presente em toda a fase reprodutiva da mulher. Mesmo após a menopausa, os sintomas podem persistir em quem faz reposição hormonal.
Ainda assim, há formas de controlar a doença, como o uso de analgésicos para dor, tratamentos hormonais, a exemplo dos anticoncepcionais e a cirurgia para retirada das lesões, indicada em casos mais graves ou quando há desejo de engravidar.
Por que pode dificultar a gravidez?
A inflamação provocada pela endometriose pode afetar a anatomia da pelve, comprometendo trompas, ovários e o próprio útero. Isso interfere na qualidade dos óvulos, na ovulação, na fecundação e na fixação do embrião no útero.

Condição afeta milhões de mulheres no mundo e pode demorar anos até ser diagnosticada corretamente.
Como é feito o diagnóstico?
O diagnóstico da endometriose exige a combinação de diferentes abordagens. Inicialmente, é feita uma avaliação clínica detalhada, incluindo histórico médico e exame físico. Exames de imagem, como a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética, são utilizados para identificar as lesões.
É possível prevenir?
Ainda não existe uma forma totalmente eficaz de prevenir a endometriose, mas alguns hábitos podem ajudar a reduzir os riscos, segundo o especialista. Manter uma alimentação rica em nutrientes com propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes é uma das estratégias recomendadas.
Além disso, a redução do estresse oxidativo e os cuidados com o equilíbrio do microbioma intestinal e peritoneal também podem contribuir para diminuir a chance de desenvolvimento da doença.