Um grupo de 133 cardeais vai se isolar na Capela Sistina, no Vaticano, partir desta quarta-feira, 7, no conclave que escolherá o novo papa. Eles terão o desafio de escolher um substituto de Francisco, um pontífice carismático e popular.
Não desponta um franco favorito, e parte dos analistas acredita que o resultado pode surpreender, como foi com o argentino Jorge Mario Bergoglio, há 12 anos.
Cardeais têm afirmado que, caso a eleição se alongue, não será por divergências internas, mas pelo fato de muitos dos votantes ainda não se conhecerem. Francisco mudou o perfil dos votantes (108 foram escolhidos por ele), com menor proporção de europeus e aumento de integrantes das “periferias” do mundo, como na Ásia e na África.
Esse problema, porém, teve a chance de ser atenuado pelos dias de reuniões pré-conclave, em que foram discutidos temas como abusos sexuais na Igreja, escândalos financeiros e desafios da unidade e da evangelização.
E o fato de a maioria ter sido nomeada por Francisco, dizem especialistas, não significa que o seu sucessor terá perfil semelhante.
Nos últimos dias, ganharam força negociações e intrigas pré-conclave: foi distribuído para os cardeais um dossiê secreto sobre 20 papáveis, como mostrou o Estadão. Entre os citados estava o secretário de Estado do Vaticano, Pietro Parolin, nome próximo a Francisco. O último (2013) e o penúltimo conclaves (2005, que elegeu Bento 16) duraram dois dias.
Outro fator importante é a idade. Francisco foi escolhido aos 76 anos; seus antecessores aos 78 (Bento 16), 58 (João Paulo 2º) e 65 (João Paulo 1º), respectivamente.
Especialistas avaliam que as constantes mudanças e desafios do século 21 podem desestimular a escolha de um jovem, que lidere a Santa Sé por muitos anos. Por outro lado, um pontificado curto (o que é esperado de um papa mais velho) pode não alcançar a estabilidade desejada.
Entre os nomes que despontam, a maioria é de europeus, especialmente italianos, mas fala-se também de cardeais de outros continentes, como Ásia e África. Especialistas veem como baixa a probabilidade de outro latino-americano.
Quais são os papáveis favoritos?
Entre os nomes mais citados por especialistas e pela mídia especializada, estão:
Pietro Parolin – Itália (70 anos) Leia perfil
Luis Antonio Gokim Tagle – Filipinas (67 anos) Leia perfil
Jean-Marc Aveline – Argélia (66 anos) Leia perfil
Juan José Omella – Espanha (79 anos) Leia perfil
Matteo Maria Zuppi – Itália (69 anos) Leia perfil
Péter Erdő – Hungria (72 anos) Leia perfil
Peter Turkson – Gana (76 anos) Leia perfil
Pierbattista Pizzaballa – Itália (60 anos) Leia perfil
Mario Grech – Malta (68 anos) Leia perfil
Fridolin Ambongo Besungu – República Democrática do Congo (65 anos) – Leia perfil
Willem Jacobus Eijk – Holanda (71 anos) – Leia perfil
Robert Sarah – Guiné (79 anos) – Leia perfil
Cardeais brasileiros podem ser o novo papa? Entenda chances
Especialistas apontam como baixas as chances de um pontífice latino-americano, uma vez que a região acabou de ser contemplada com Jorge Bergoglio. Logo após a morte de Francisco, o arcebispo de Salvador, dom Sérgio da Rocha, apareceu como um dos cotados, mas perdeu força nas semanas seguintes.
Na imprensa estrangeira, o arcebispo de Manaus, dom Leonardo Steiner, e o arcebispo de Porto Alegre e presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), dom Jaime Spengler, chegaram a ser citados na mídia internacional, mas com menos destaque.
O que pensam os candidatos a novo papa
O Estadão compilou as opiniões de alguns dos principais papáveis sobre temas importantes para o catolicismo, como celibato dos padres, união LGBT+, participação das mulheres na Igreja Católica, mudanças climáticas, denúncias de abuso sexuais, entre outros.
Estadão Conteúdo