Ednaldo Rodrigues balança na CBF: entenda o que pode derrubar o presidente

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A crise de comando na Confederação Brasileira de Futebol (CBF) já não é mais só sobre quem será o próximo técnico da Seleção. A indefinição, os recuos, os vazamentos e os improvisos que têm marcado a gestão de Ednaldo Rodrigues escondem um problema mais profundo: o presidente da CBF não sabe sequer se permanecerá no cargo.

Ednaldo perdeu nos últimos dias seu principal fiador político — o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal. Foi Mendes quem assegurou juridicamente a permanência de Ednaldo no comando da entidade após a ofensiva do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, no fim de 2023. Mas, segundo revelou o portal LeoDias, esse apoio ruiu.

Motivos não faltam. O ministro, que é sócio do IDP (Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa), empresa que mantém contrato milionário com a CBF para administrar a CBF Academy, se incomodou com o desgaste de sua imagem após a revelação do vínculo em uma reportagem da revista piauí. Além disso, acordos políticos firmados entre Ednaldo e ministros do STF teriam sido descumpridos: dos três nomes indicados por Gilmar Mendes e Luís Roberto Barroso para compor a chapa de vice-presidentes da CBF, apenas um foi efetivado.

Com influência nos bastidores do futebol brasileiro — da CBF ao STJD, passando pelas federações —, Gilmar agora estaria se distanciando de vez de Ednaldo. E, junto com ele, parte da blindagem institucional que mantinha o presidente confortável no cargo começa a ruir.

Assinatura falsa pode derrubar Ednaldo

Como se não bastasse o isolamento político, Ednaldo enfrenta agora uma acusação que pode tornar sua reeleição juridicamente insustentável: um laudo pericial confirma que a assinatura do ex-presidente da CBF, Coronel Nunes, em um dos documentos que sustentaram o acordo homologado pelo STF, teria sido falsificada.

Nunes, que sofre de ataxia e déficit cognitivo severo, havia sido declarado incapaz judicialmente no ano passado, e não teria condições de assinar nenhum documento — o que levanta suspeitas graves sobre a validade do acordo que garantiu a permanência de Ednaldo.

A CBF à deriva

Enquanto tudo isso acontece, a entidade máxima do futebol brasileiro se encontra num limbo de decisões erráticas. O imbróglio sobre a escolha do novo técnico da Seleção — que já teve idas e vindas envolvendo nomes como Ancelotti, Abel Ferreira e Jorge Jesus — expõe a ausência de comando claro.

A CBF também virou alvo de pressão política: após o vazamento da camisa vermelha da Seleção, setores da extrema direita, incluindo parlamentares do PL, pressionaram Ednaldo a depor no Congresso, sob acusação de estar “ideologizando” a seleção.

Em meio a essa tempestade, o presidente da CBF parece paralisado. Sua gestão virou uma sucessão de crises, explicações evasivas e notas protocolares. Mais do que um dirigente enfraquecido, Ednaldo Rodrigues parece hoje um homem à espera do próximo baque — sem saber se ainda terá cadeira para sentar quando a poeira baixar.

 

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