HELENA SCHUSTER
PELOTAS, RS (FOLHAPRESS)
O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, disse nesta segunda-feira (5) que o Brasil está bem posicionado no cenário econômico e climático global e que o governo deseja se aproximar mais dos Estados Unidos.
“Temos interesse em nos aproximar mais dos Estados Unidos. Fizemos isso na administração Biden e faremos isso na administração Trump. Há complementaridades importantes entre as nossas economias que podem e devem ser exploradas”, afirmou em Los Angeles durante a Conferência Global do Milken Institute, um think thank da Califórnia.
Haddad defendeu que o país alcançou uma posição mundial positiva através da defesa do multilateralismo, mantendo boas relações com o Sudeste Asiático, com a União Europeia e com os EUA. “Acredito que, independentemente dos desafios globais, o Brasil está numa posição muito favorável porque os princípios que o Brasil defende no mundo são aderentes à necessidade de uma reglobalização sustentável.”
Haddad defendeu que a América do Sul é um território “muito favorável a investimentos” e que oferece “segurança jurídica, politica e energética”. No Brasil, ele destacou a área de infraestrutura como uma das mais interessantes para investidores estrangeiros, afirmando que o país “aperfeiçoou muito a legislação de concessões e parcerias público-privadas”.
A viagem do ministro aos EUA tem o objetivo de apresentar o novo plano do governo brasileiro de investimento em data centers -tema que também foi abordado durante a fala na conferência.
O objetivo do plano, segundo Haddad, é antecipar o efeito da reforma tributária no setor. “Vai garantir que todo o investimento no Brasil no setor seja desonerado e toda a exportação de serviços a partir dos data centers seja exonerada. Essa é a melhor oportunidade que nós temos de fazer isso acontecer.”
“Queremos que a economia digital no Brasil seja, simultaneamente, digital e verde”, acrescentando que o país tem capacidade para usar energia limpa no processamento de dados com segurança cibernética e jurídica.
O ministro defendeu, ainda, que as políticas econômicas do governo Lula (como a reforma tributária, mudanças no mercado de crédito e no mercado de carbono), e o papel de protagonismo do Brasil no G20 e na COP30 mostrarão que o país é capaz de crescer a uma taxa anual de 3%.
“Ao final do mandato do presidente Lula, o mundo vai estar convencido que o Brasil pode crescer a uma taxa mínima de 3%. Temos condição de chegar no final do mandato em um outro patamar de discussão com nossos parceiros”, afirmou.
Durante essa mesma viagem aos EUA, no domingo (4), Haddad afirmou ter conversado com o secretário do Tesouro americano, Scott Bessent, sobre a política tarifária norte-americana. Haddad disse que conversou com Bessent “em nome da região”, uma vez que, segundo ele, “não faz sentido” a imposição de tarifas sobre a América do Sul por conta dos déficits comerciais que os países possuem com os EUA.
Essa foi a primeira reunião presencial entre autoridades do alto escalão dos dois países desde que Donald Trump tomou posse, em 20 de janeiro.
O ministro disse que os dois países estão negociando os “termos de um entendimento” em relação à questão. “O mais importante nesse momento é dizer que nós estamos em uma mesa negociando os termos de um entendimento… Eu acredito que a postura do secretário foi bastante frutífera e demonstrou uma abertura para o diálogo bastante importante”, disse.