MATHEUS TUPINA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O presidente Lula (PT) trocou dois ministros do governo nos últimos dias.
Carlos Lupi (PDT) pediu demissão do cargo de ministro da Previdência Social, 10 dias após operação que revelou um esquema de fraude em descontos não autorizados em aposentadorias do INSS.
Ele foi substituído pelo secretário-executivo da pasta, Wolney Queiroz Maciel.
Já Cida Gonçalves foi demitida do Ministério das Mulheres. No lugar dela, foi nomeada a também petista Márcia Lopes, ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à fome do segundo mandato de Lula.
Com as quedas de Lupi e Cida, já são 12 trocas na Esplanada dos Ministérios neste terceiro mandato do petista. O presidente já realizou uma minirreforma para acomodar mais partidos do centrão no Executivo, além de ter exonerado outros titulares por denúncias em casos de corrupção ou por pressão em torno do desempenho nas pastas.
Destas 12 alterações, 9 delas foram por substituições, enquanto 3 foram realocações. Além de Lupi e Cida, saíram do governo o general Gonçalves Dias (GSI), Daniela Carneiro (Turismo), Ana Moser (Esporte), Silvio Almeida (Direitos Humanos), Paulo Pimenta (Secom), Nísia Trindade (Saúde) e Juscelino Filho (Comunicações).
Além destes, Márcio França (PSB) foi realocado dos Portos e Aeroportos para o Empreendedorismo, Alexandre Padilha (PT) saiu da chefia da Secretaria de Relações Institucionais e foi para a Saúde e Flávio Dino deixou a Justiça para ocupar uma vaga no STF (Supremo Tribunal Federal).
O número de trocas no primeiro escalão do governo do petista é menor que o visto no mandato do antecessor Jair Bolsonaro (PL). No mesmo período de governo, o então presidente já havia demitido 16 ministros.
Já Michel Temer (MDB), que chefiou o Executivo brasileiro após a queda de Dilma Rousseff (PT), trocou os titulares de suas pastas 32 vezes em dois anos e sete meses no cargo.
Entre as razões para o troca-troca do emedebista estavam denúncias de corrupção e tentativas de barganhar apoio à reforma da Previdência. As pastas que mais tiveram mudanças no período do levantamento foram a da Cultura, da Justiça e do Turismo, com quatro ministros cada.
A queda de Lupi ocorreu apesar da ausência de provas de sua participação no esquema. Para o Palácio do Planalto, prevaleceu a ideia de que ele não tomou providências para deter o problema e também não reagiu como deveria após a explosão do caso.
Antes dele, foi Juscelino Filho quem perdeu a chefia do Ministério das Comunicações. Ele foi denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) sob acusação de corrupção passiva e outros crimes relacionados ao desvio de emendas. Foi a primeira queda por um caso de corrupção, mesmo que por acusações anteriores ao ingresso do ministro no governo federal.
Lula prometeu, no ano passado, uma reforma ministerial, que seria deflagrada para preparar o Planalto para as eleições de 2026 a partir dos resultados no pleito municipal. Apesar disso, as mudanças se arrastam há seis meses e são realizadas a passos lentos, em um sinal adicional da fragilidade política do mandatário nesta segunda metade do mandato.
A saída de Paulo Pimenta (PT) deflagrou as substituições na escalação do ministério de Lula, sendo trocado por Sidônio Palmeira.
Em seguida, Nísia deixou a Saúde, substituída por Padilha, e Gleisi Hoffmann (PT) foi nomeada a chefe da Secretaria de Relações Institucionais.
Sucessivas crises, como a provocada por disseminação de notícias falsas sobre o Pix, deixaram a reforma em segundo plano. Na semana marcada pela morte do papa Francisco, Lula também não se dedicou à articulação das trocas na equipe.
Agora, além de Lupi, a expectativa é que o petista retome as negociações pelas trocas no primeiro escalão com a saída de Cida Gonçalves, do Ministério das Mulheres. Ela teve uma reunião com o presidente nesta sexta-feira (2) e deixou o Palácio do Planalto sem falar com a imprensa.
A saída de Cida da pasta é dada como certa desde o começo do ano, com diferentes nomes ventilados para a substituição. Atualmente, Márcia Lopes, ex-ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome, é considerada a mais cotada para o cargo.
OS MINISTROS QUE DEIXARAM O GOVERNO LULA
– General Gonçalves Dias: demitido do GSI (Gabinete de Segurança Institucional)
– Daniela Carneiro: demitida do Ministério do Turismo
– Ana Moser: demitida do Ministério do Esporte
– Márcio França: movido do Ministério de Portos e Aeroportos para o Empreendedorismo
– Flávio Dino: saiu do Ministério da Justiça para assumir cargo no STF (Supremo Tribunal Federal)
– Silvio Almeida: demitido do Ministério dos Direitos Humanos
– Paulo Pimenta: demitido da Secom (Secretaria de Comunicação Social)
– Nisia Trindade: demitida do Ministério da Saúde
– Alexandre Padilha: realocado da Secretaria de Relações Institucionais para o Ministério da Saúde
– Juscelino Filho: demitido do Ministério das Comunicações
– Carlos Lupi: demitido do Ministério da Previdência Social
– Cida Gonçalves: demitida do Ministério das Mulheres