LEONARDO VIECELI
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
O BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e a Finep (Financiadora de Estudos e Projetos) aprovaram R$ 29,6 bilhões para investimentos em inovação em 2024, segundo dados obtidos pela Folha junto ao banco.
A quantia, diz o BNDES, é a maior de um recorte produzido com informações desde 2010, considerando valores nominais (sem ajuste pela inflação).
Os R$ 29,6 bilhões são mais que o dobro do montante aprovado pelas duas instituições em 2023 (R$ 14,1 bilhões), o primeiro ano do governo Lula (PT). A alta foi de 110% nesse intervalo.
José Luis Gordon, diretor de desenvolvimento produtivo, inovação e comércio exterior do BNDES, afirma que a ampliação é reflexo da política industrial do governo, a NIB (Nova Indústria Brasil).
“Há uma visão muito clara de apoio ao setor industrial inovador”, diz em entrevista à reportagem. Segundo ele, a aprovação de recursos mirou tanto grandes empresas quanto pequenos negócios.
Dos R$ 29,6 bilhões aprovados em 2024, R$ 16 bilhões vieram da Finep, enquanto o banco respondeu por R$ 13,6 bilhões.
O BNDES diz que os financiamentos envolveram recursos reembolsáveis e não reembolsáveis, permitindo investimentos em diferentes projetos da indústria.
A instituição destacou a produção de vacinas, IFAs (ingredientes farmacêuticos ativos), máquinas e equipamentos agrícolas, motores elétricos e híbridos, biocombustíveis, inteligência artificial, semicondutores, bioinsumos e desenvolvimento de carro voador pela Eve, subsidiária da Embraer.
“A grande maioria dos recursos é crédito reembolsável por meio do programa Mais Inovação, que é a TR, a Taxa Referencial, que flutua em torno de 2% ao ano, mais o spread do BNDES e da Finep”, diz Gordon.
“São taxas bem atrativas e fundamentais para investir em inovação. Inovação tem risco. Tem incertezas. É preciso ter instrumentos diferenciados para apoiar a inovação, e principalmente a Finep tem recursos não reembolsáveis”, acrescenta.
Em nota, o presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, afirma que o valor destinado a projetos considerados inovadores pelo banco e pela Finep em 2023 e 2024 (R$ 43,7 bilhões) supera o que as duas instituições investiram juntas de 2016 e 2022 (R$ 31,8 bilhões).
“Esses resultados comprovam que a indústria brasileira vive um novo momento, sob a diretriz do governo do presidente Lula, de neoindustrialização e de investimento em tecnologias disruptivas que vão qualificar os empregos no país e gerar renda para a população”, afirma.
Lula e apoiadores defendem uma atuação fortalecida do BNDES como financiador de projetos em diferentes setores da economia, incluindo as fábricas.
A posição, contudo, é vista com ressalvas por uma ala de economistas que teme um inchaço do banco e uma eventual reciclagem de ideias de outros mandatos do PT.
A direção do BNDES já rebateu as críticas em diferentes ocasiões, dizendo que aposta em áreas estratégicas, incluindo inovação e transição energética.
“Com a Nova Indústria Brasil, o governo está impulsionando a inovação na economia brasileira. Através da Finep e do BNDES, estamos fazendo um enorme esforço para tornar a nossa indústria muito mais competitiva, tanto internamente quanto no mercado internacional”, afirma o presidente da Finep, Celso Pansera, também em nota. “A tendência é devolver à indústria brasileira o protagonismo na economia nacional e no mundo”, completa.
A Finep é uma empresa pública vinculada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação.