O Exército de Libertação Nacional (ELN) ordenou o confinamento da população civil no noroeste da Colômbia a partir desta sexta-feira (2) por três dias, em meio a uma recente onda de assassinatos contra militares e policiais.
O país atravessa seu pior pico de violência da última década, com negociações frustradas entre o governo e as organizações ilegais mais poderosas.
A governadora do departamento do Chocó (noroeste), Nubia Córdoba, denunciou nesta sexta-feira, na rede social X, uma “nova escalada de violência” na região em confrontos entre a guerrilha e o Clã do Golfo, o principal grupo narcotraficante da Colômbia.
Em um comunicado divulgado na quinta-feira, a Frente de Guerra Ocidental do ELN anunciou a proibição de “qualquer tipo de mobilidade” no rio Baudó e seus afluentes, uma área sem estradas onde a população se desloca exclusivamente pelo rio.
Segundo a guerrilha, o confinamento foi ordenado para “evitar que a população civil seja afetada” durante os enfrentamentos com o Clan do Golfo, de origem paramilitar.
Ambos os grupos disputam o controle desta zona chave para o tráfico de cocaína.
Conhecidas como “ataques armados”, as restrições à mobilidade civil são comuns nas regiões dominadas pelo ELN.
O anúncio ocorre dias depois que o presidente esquerdista, Gustavo Petro, denunciou o “assassinato sistemático” do ao menos 27 policiais e militares nas últimas semanas sob um “plano de armas”, no estilo do falecido barão da cocaína Pablo Escobar.
O presidente atribuiu algumas das mortes a dissidentes das extintas guerrilhas das Farc e do Clã do Golfo.
Desde meados de janeiro, o governo também está liderando uma ofensiva contra o ELN em uma região na fronteira com a Venezuela conhecida como Catatumbo, após uma sangrenta investida da guerrilha contra um grupo dissidente das Farc que deixou mais de 70 mortos e 55.000 deslocados.
Sob a bandeira de uma política de “paz total”, Petro chegou ao poder em 2022 com o propósito de extinguir o conflito armado interno, que continuou após o acordo de paz com as FARC em 2016.
No entanto, em seu mandato, os grupos armados, financiados pelo tráfico de drogas, se fortaleceram. Cerca de 22.000 combatentes estão alimentando a guerra de meio século, de acordo com dados oficiais, em uma época de produção recorde de cocaína registrada pela ONU.
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