
A Operação Falsarius já está na 5ª fase e revelou mercado clandestino de documentos falsos na Grande Vitória. Servidora pública está entre os investigados. Polícia investiga venda de documentos falsos por celular no ES
A Polícia Civil do Espírito Santo cumpriu 21 mandados de busca e apreensão, durante a investigação de um esquema de falsificação e comércio ilegal de documentos públicos e particulares. As informações sobre a quinta fase da Operação Falsarius foram divulgadas nesta quarta-feira (30).
Dezoito celulares foram apreendidos e assim como uma grande quantidade de diplomas, laudos médicos, históricos escolares e até certificados de crisma falsificados. Ninguém foi preso.
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As investigações tiveram início no final de 2023, após a identificação de documentos suspeitos apresentados por candidatos aprovados em processos seletivos de secretarias municipais da Grande Vitória.
De acordo com a polícia, o esquema envolvia quatro associações criminosas distintas, que agiam de forma independente, negociando os documentos por mensagens de celular.
“Identificamos um verdadeiro mercado clandestino. Encontramos desde diplomas escolares falsificados até receitas médicas de alto custo, como hormônio do crescimento (GH), usadas para retirar medicamentos em farmácias públicas e revendê-los ilegalmente”, explicou o delegado titular da Delegacia de Combate à Corrupção (Deccor), Douglas Vieira.
Polícia divulgou prints de troca de mensagens de grupo que falsificava diplomas, receitas médicas e até certificados de crisma no Espírito Santo.
PCES
Segundo o delegado, os criminosos forjavam certificados de cursos técnicos e especializações médicas, colocando em risco a saúde da população.
“Há pessoas atuando em hospitais com documentos falsificados. Isso é extremamente grave. Um paciente pode estar sendo atendido por alguém sem qualquer formação real”, alertou Vieira.
Entre os materiais apreendidos, a polícia encontrou receitas médicas especiais (azuis e amarelas), carimbos falsificados e até laudos psiquiátricos adulterados. Algumas farmácias também estão sendo investigadas por supostamente aceitarem esses documentos para a venda de medicamentos controlados, como testosterona, sem prescrição médica válida.
Certificados religiosos
Em outro ponto da investigação, a Polícia Civil identificou falsificações envolvendo certificados religiosos, como o de crisma. Em conversas interceptadas, os suspeitos negociavam carimbos religiosos por valores simbólicos, como R$ 25.
“Nem a igreja escapou. Descobrimos diálogos entre falsários negociando carimbos em troca de valores irrisórios, como R$ 25, usados até para comprar cerveja. Essas pessoas tratam a falsificação como um modo de vida, naturalizando a prática criminosa”, relatou o delegado.
Polícia investiga grupo que falsificava diplomas, receitas médicas e até certificados de crisma no Espírito Santo.
PCES
Servidora pública envolvida
Uma servidora pública da Secretaria de Educação da Prefeitura de Vitória também está entre os investigados. Em áudio divulgado pela polícia, a mulher conversa com um falsificador e tenta utilizar seu cargo para facilitar a emissão de um documento adulterado.
“Isso aí é fácil de conseguir na secretaria, mas tem que ser uma coisa sem suspeita”, diz a servidora que não teve o nome identificado em um trecho da gravação.
Investigação continua
A Polícia Civil informou que já foram identificadas 30 pessoas envolvidas na falsificação, intermediação e venda dos documentos, mas ainda não há estimativa do número total de compradores.
Até o momento, ninguém foi preso, mas o delegado deixou claro que prisões poderão ocorrer nas próximas fases da operação.
“A investigação é profunda, vão ter muitos indiciados, e aí vai o recado, se continuarem com a falsificação teremos prisões” reforçou Douglas Vieira.
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A operação atinge diversos municípios da Grande Vitória, como Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica. As próprias secretarias municipais estão colaborando com a investigação após relatarem inconsistências em contratações públicas.
A Prefeitura de Vitória afirmou, por meio de nota, que repudia qualquer ato ilegal e tomará as medidas cabíveis assim que for oficialmente notificada. A Secretaria Municipal de Educação disse que ainda não foi comunicada pelas autoridades.
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