A violência contra jornalistas como estratégia de silenciamento

(Foto: Divulgação)

O Observatório da Imprensa promoveu nesta terça-feira, dia 29, um debate sobre as diversas formas de violência que afligem os jornalistas brasileiros no exercício da profissão. Com a participação de especialistas e profissionais da área, a discussão abordou desde agressões físicas e assédio judicial até ataques online, destacando a crescente gravidade das ameaças e seus impactos no modo de atuar dos jornalistas e até na liberdade de imprensa, funcionando como um silenciamento que afetar inclusive a disposição de outros profissionais de abordar determinadas temas.

Moderado por Denize Bacoccina, jornalista e editora do Observatório da Imprensa, o debate contou com as participações de Luciana Barreto, âncora e editora-chefe do Repórter Brasil, Letícia Kleim, coordenadora jurídica da Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), e Tatiana Farah, repórter e gerente de comunicação da Abraji.

Principais tópicos e insights

Panorama da violência – As participantes discutiram a variedade de ataques contra os jornalistas, incluindo violência física, intimidações, ameaças graves e o crescente assédio online. Letícia Kleim, da Abraji, apontou uma tendência preocupante: embora o número total de casos tenha diminuído em alguns períodos, a gravidade dos ataques aumentou.

Assédio judicial como censura – Uma tática destacada foi o “assédio judicial”, onde processos são movidos não necessariamente para obter ganho de causa, mas para intimidar e silenciar jornalistas. Tatiana Farah, da Abraji, explicou a estratégia por trás dessa prática: “A intenção dessas pessoas não é ganhar o processo porque a existência do processo já é a vitória delas”, afirmou.

Racismo e misoginia estruturais – Luciana Barreto, da TV Brasil, trouxe à tona a intersecção da violência com questões raciais e de gênero, notando um aumento no discurso de ódio contra negros, especialmente mulheres negras em posições de destaque. “O Brasil é um país racista e ponto final”, afirmou, enfatizando a necessidade de encarar o racismo como um problema estrutural que também afeta a imprensa. Ataques misóginos contra mulheres jornalistas também foram apontados como uma vertente específica e grave da violência.

Consequências e perfil dos agressores – A violência resulta em silenciamento, autocensura e medo entre os profissionais. Os agressores não são apenas figuras públicas descontentes com a abordagem das reportagens, mas também indivíduos comuns, frequentemente influenciados por campanhas organizadas de descredibilização da imprensa.

A importância do apoio – As convidadas destacaram a necessidade de um forte apoio jurídico e emocional por parte das empresas de comunicação e das entidades de classe. A Abraji, por exemplo, oferece acolhimento, assessoria jurídica e proteção integral aos jornalistas sob ataque. A recomendação aos jornalistas que sofrem ataques é buscar ajuda especializada, agir estrategicamente e evitar respostas impulsivas.

Assista ao webinário no YouTube do Projor: https://www.youtube.com/watch?v=c9pGpji5hsE

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