
Quem vive com um cão sabe: basta a gente descascar uma fruta que os olhinhos curiosos aparecem, implorando por um pedaço. No Brasil, onde temos uma variedade enorme de frutas tropicais, é comum dividir algumas com os peludos. Mas nem toda fruta saudável para humanos faz bem para os cães. Entre elas, uma se destaca pela popularidade e pelo perigo oculto — e o pior: muita gente nem imagina que ela pode ser tóxica.
A uva é perigosa para cães
A uva, uma das frutas mais consumidas no Brasil, especialmente no verão, é altamente tóxica para cães. Isso vale tanto para a versão in natura quanto para as passas, que concentram ainda mais os compostos perigosos. O problema é que ainda não se sabe exatamente qual substância presente na uva provoca intoxicação nos cães, mas os casos registrados são consistentes: mesmo pequenas quantidades podem ser letais.
Sintomas de intoxicação por uva
O grande risco está na resposta individual. Enquanto alguns cães podem comer uma uva e não apresentar sintomas, outros podem desenvolver quadros graves de insuficiência renal aguda com a mesma quantidade. Os sinais aparecem normalmente nas primeiras 6 a 12 horas e incluem:
- Vômito repentino
- Letargia ou fraqueza
- Diarreia
- Dor abdominal
- Perda de apetite
- Sinais de desidratação
- Diminuição ou ausência de urina
Se não for tratada a tempo, a intoxicação por uvas pode levar à morte em poucos dias.
Cientistas veterinários investigam há anos qual é o agente tóxico da uva, mas sem sucesso até agora. Existem hipóteses que envolvem taninos, micotoxinas, ou mesmo compostos fenólicos. O que se sabe com certeza é que não há dose segura comprovada, e por isso, qualquer quantidade deve ser evitada.
E a uva não está sozinha: outras frutas que causam riscos aos cães
Além da uva, há outras frutas comuns no Brasil que podem causar problemas para os cães — algumas de forma leve, outras com risco de vida. Veja quais merecem atenção redobrada:
Abacate: O abacate contém uma substância chamada persina, que pode causar vômitos, diarreia e problemas respiratórios em cães. Apesar de a polpa madura ser menos tóxica, as folhas, o caroço e a casca são perigosos. Como não há como saber a concentração exata de persina em cada fruta, o melhor é evitar completamente.
Carambola: Essa fruta de sabor exótico tem uma neurotoxina que pode afetar cães com predisposição a problemas renais. Em grandes quantidades, pode levar à insuficiência renal, convulsões e até morte. Mesmo em humanos com problemas renais, a carambola já se mostrou perigosa, então o risco para cães é ainda maior.
Caqui verde: Embora o caqui maduro seja relativamente seguro em pequenas quantidades, o caqui verde tem alto teor de taninos que podem irritar o trato gastrointestinal do cão. O consumo pode causar obstruções intestinais, além de vômitos e diarreia.
Frutas liberadas para os cães, mas com moderação
Nem tudo está perdido! Há frutas que podem ser oferecidas aos cães com moderação e preparo correto. Entre elas:
- Maçã (sem sementes)
- Banana (em pequenas porções)
- Melancia (sem sementes nem casca)
- Mamão (sem sementes)
- Pera (sem sementes)
Essas frutas são ricas em fibras e vitaminas, e desde que oferecidas como petisco esporádico, ajudam na hidratação e na digestão.
Cuidados na hora de oferecer frutas
Antes de dividir uma fruta com seu cão, vale seguir algumas recomendações básicas:
- Remova sementes e caroços: muitas vezes, as sementes contêm cianeto ou podem causar obstrução.
- Evite frutas cítricas: o ácido pode causar dor de estômago.
- Ofereça em pequenas quantidades: o sistema digestivo dos cães é diferente do nosso. Mesmo frutas seguras podem causar diarreia em excesso.
- Observe possíveis reações: se for a primeira vez que o cão consome determinada fruta, fique atento a sinais de intolerância.
O que fazer se cães comerem frutas tóxicas
Se você presenciou ou desconfia que seu cão comeu uva, carambola ou outra fruta potencialmente perigosa, aja rápido:
- Não espere os sintomas aparecerem.
- Entre em contato com o veterinário imediatamente.
- Anote a quantidade ingerida e o horário aproximado.
- Não induza o vômito sem orientação profissional.
Quanto mais cedo for iniciado o tratamento, maiores as chances de recuperação sem sequelas.
Com tantas frutas à disposição no Brasil, é natural querer compartilhar um pedacinho da nossa alimentação com os cães. Mas é justamente aí que mora o perigo. A uva é o maior exemplo de como algo aparentemente inofensivo pode representar um risco real. E por mais que os cães sejam membros da família, o organismo deles funciona de forma bem diferente do nosso.
Por isso, a regra de ouro é simples: sempre consulte um veterinário antes de oferecer alimentos “humanos” ao seu animal. Informar-se é o primeiro passo para cuidar com responsabilidade — e garantir que o carinho à mesa não se transforme em um susto no consultório.
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