Número de pessoas em situação de rua cresce quase 20% no DF

foto vinicius de melo seec df

O número de pessoas em situação de rua no Distrito Federal aumentou 19,4% desde 2022. É o que aponta o 2º Censo da População em Situação de Rua do DF, divulgado nesta terça-feira (29/4) durante evento no Palácio do Buriti. O levantamento, realizado pelo Instituto de Pesquisa e Estatística do DF (IPE-DF), identificou 3.521 pessoas vivendo nas ruas da capital, um número significativamente maior em comparação ao primeiro levantamento, feito em 2022.

Além da quantidade, o estudo traça o perfil dessa população: 82% são homens, 81% se identificam como negros ou pardos, 84% são solteiros e 52% têm entre 31 e 49 anos. A pesquisa também mostra que 63% vieram de outros estados em busca de emprego, mas acabaram em situação de rua por falta de oportunidades.

Durante o anúncio, o secretário da Casa Civil, Gustavo Rocha, afirmou que o censo servirá como base para novas políticas públicas voltadas à assistência social, habitação, saúde, trabalho e inclusão. “Esse aumento já era esperado, foi menor do que já havíamos estudados. Desde março de 2024, estamos realizando ações diárias para ofertar oportunidades reais a essa população e permitir que ela reconstrua sua vida”, destacou o secretário da Casa Civil citando alguns projetos como o Programa Qualifica DF –  programa do Distrito Federal que oferece cursos de qualificação profissional gratuitos para a população.

 

Ações do GDF

 

Entre as medidas anunciadas, está a inauguração do primeiro pernoite do DF, previsto para este semestre, no Setor de Abastecimento e Armazenamento Norte (SAAN). O local terá capacidade para 200 pessoas, oferecendo jantar, pernoite e café da manhã. Outros dois centros semelhantes estão em fase de planejamento.

 

Para ampliar as possibilidades de reinserção social, as secretarias de Desenvolvimento Social (Sedes-DF) e de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Renda (Sedet-DF) firmaram parceria para reservar 2% das vagas de emprego em contratos públicos a pessoas em situação de rua.  Também participaram da divulgação a secretária de Desenvolvimento Social, Ana Paula Marra, e o diretor-presidente do (IPEDF), Manoel Clementino.

 

A secretaria, Ana Paula Marra, destacou que o foco da assistência social vai além do assistencialismo. “Muita gente confunde o conceito. Assistência social é garantir um mínimo de dignidade para que aquela pessoa possa sobreviver e reconstruir sua vida. Cada indivíduo em situação de rua tem uma história — pode ser abandono, saúde mental, vício, imigração. Por isso, as respostas precisam ser diversas”, afirmou.

 

Acolher para crescer

 

O censo também revelou que 69% dessa população dormem nas ruas, enquanto 21% recorrem a serviços de acolhimento e 6% vivem em comunidades terapêuticas. Outro destaque notado é a diminuição de 52% da proporção de crianças e adolescentes em situação de rua. O dado indica que as ações deste GDF voltadas à proteção da infância e juventude, como o fortalecimento dos serviços de acolhimento, vêm surtindo efeito. Em 2024 a Secretaria de Desenvolvimento Social ampliou em cerca de 20% as vagas de acolhimento para crianças e adolescentes, com a criação da Central de Vagas, para agilizar o acesso à proteção social.

 

O incentivo e acesso facilitado à educação também contribuiu diretamente na diminuição: em um período de 12 meses, 225 menores foram encaminhadas pelo Conselho Tutelar para matrícula ou remanejamento em escolas, após abordagem durante ações de acolhimento do Plano de Ação para a Efetivação da Política Distrital para a População em Situação de Rua, conduzida pela Casa Civil.

 

A pesquisa aponta ainda que o Plano Piloto concentra o maior número de pessoas em situação de rua, seguido por Ceilândia, Taguatinga e São Sebastião. A intenção é que os dados guiem ações coordenadas entre diferentes órgãos, com foco em medidas de médio e longo prazo.

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