BRUNO RIBEIRO
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), fez elogios à política fiscal de Javier Milei na Argentina e criticou o “modelo mental” do governo Lula (PT) nesta segunda-feira (28).
Em um seminário para agentes do mercado financeiro, Tarcísio defendeu a redução de gastos do estado e parcerias com empresas privadas para garantir a capacidade de investimento, além de pedir mudanças na política que vincula reajustes reais do salário mínimo ao crescimento do país -uma das principais bandeiras petistas, alvo de críticas por expandir das despesas públicas.
“A receita [para o crescimento do Brasil] está posta. A gente está falando de desindexação do [salário] mínimo, desvinculação de receita, uma reforma orçamentária, uma reforma administrativa que realmente corte custos, retomar um programa de privatizações e concessões”, disse.
Embora, em São Paulo, no ano passado, Tarcísio tenha pago R$ 837 milhões em emendas voluntárias (não obrigatórias) a deputados de sua base, o governador disse no evento que seria importante extinguir a “briga” pelas emendas parlamentares na esfera federal.
“Uma reforma do Orçamento, que eu considero superimportante, extingue um pouco essa discussão de emenda, essa briga por uma fatia muito reduzida do Orçamento e drena nossa capacidade de investir. É fundamental a gente fazer um corte de gastos redesenhando programas sociais e benefícios tributários”, afirmou.
Ao comentar a questão fiscal, contudo, Tarcísio disse que solucionar a escalada da dívida pública não seria uma tarefa complexa. “Se você tem um problema fiscal hoje, e de fato tem, não é nada que, mexendo três, quatro, cinco alavancas, a gente não coloque o país no rumo novamente”, disse.
A principal crítica ao governo federal ocorreu quando o governador foi questionado sobre como seria possível manter a capacidade de crescimento econômico do país com responsabilidade fiscal.
“Tem uma questão de modelo mental”, respondeu.
“O pessoal está querendo operar um modelo de 20 anos atrás, 30 anos, que cabia em uma circunstância que hoje não cabe mais”, complementou, sem se aprofundar nem citar nominalmente Lula ou membros da equipe do presidente.
A partir dessa fala, o governador passou a usar a Argentina como exemplo de país que fez cortes nas despesas públicas para retomar o crescimento.
“Se você perguntasse para mim há um tempo atrás se o Milei conseguiria cortar 5% do PIB [Produto Interno Bruto] em gasto público em um ano, eu diria que não, não é possível. Mas foi. Eles fizeram isso lá. E o que aconteceu? A inflação caiu, o fluxo de capital aumentou”, disse Tarcísio.
Milei tem enfrentado greves gerais em sua gestão e costuma ser criticado pelos efeitos sociais de suas medidas econômicas.
Tarcísio, afilhado político de Jair Bolsonaro (PL) e considerado um dos possíveis candidatos à Presidência no ano que vem, foi convidado a comentar sobre as eleições, mas não foi perguntado se será candidato.
“O que eu falo para meu time todos os dias? ‘Esqueçam eleição’. A gente não tem que pensar em eleição, tem que pensar em apresentar resultados. O resto é consequência dos resultados”, disse.
“A melhor maneira que São Paulo pode influenciar o Brasil é fazendo a coisa certa. Porque se a gente mostrar que está dando certo em São Paulo, pode dar certo em outro estado, pode dar certo no Brasil, a gente pode apontar um caminho. O que a gente quer é apontar um caminho”, afirmou.