PEDRO S. TEIXEIRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
O presidente do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo, afirmou nesta segunda-feira (28) que a autarquia precisa “dar o devido tempo para as defasagens da política monetária fazerem efeito”.
“A economia ainda demanda nossa vigilância no que é o nosso mandato principal que é uma preocupação corrente com uma inflação que está acima da meta, e a economia ainda está demonstrando sinais ainda incipientes de arrefecimento”, disse o presidente do BC durante evento do Banco Safra.
Segundo Galípolo, o entendimento divulgado na reunião do Copom de março continua vigente, e a comunicação do colegiado “foi feliz ao apontar cenários que se confirmaram”.
Galípolo afirmou que o BC acertou ao demonstrar preocupação com a inflação e ao mencionar a defasagem da política monetária e a incerteza no cenário econômico global, por causa da guerra comercial entre o presidente americano, Donald Trump e a China.
No comunicado da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), no qual previu alta de juros menos intensa em maio, o colegiado do BC citou continuidade do “cenário adverso” para a convergência da inflação, elevada incerteza e defasagens do efeito da política de juros sobre a economia. Na ata divulgada em 25 de março, afirmou que a piora nas expectativas para prazos mais longos exige juros mais altos por mais tempo.
De acordo com o presidente do BC, a imprevisibilidade na economia mundial com a guerra tarifária dificulta o trabalho dos tomadores de decisão e exige cautela. “Houve a necessidade de a gente fazer o que fez [elevar os juros] e ainda ter flexibilidade em um mundo onde a incerteza se elevou tanto”, disse.
A expectativa dos economistas ouvidos pelo Banco Central para o boletim Focus desta segunda é que a taxa Selic ainda deve avançar dos atuais 14,25% ao ano e encerrar 2025 em um patamar de 15%. A projeção de uma possível queda dos juros está indicada apenas para 2026, com estimativa de um índice de 12,5% ao fim do ciclo.
No início da semana, os economistas consultados para o Focus reduziram suas projeções para a inflação em 2025 para 5,55%. A previsão para 2026 subiu a 4,51%. O centro da meta perseguida pelo BC é de 3%, com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para cima ou para baixo.
A estrategista de inflação da Warren Investimentos, Andréa Angelo, disse em entrevista à Folha que a perspectiva de baixa é ajudada por fatores como queda no preço da carne, valorização do real frente ao dólar e a perspectiva de corte no preço da gasolina, com a queda nos preços do petróleo.