O encantador de votos

ibarra

Por Gustavo Mariani*

 A América do Sul é imbatível emexdruxulismos. Em alguma parte do planeta alguém já foi eleito presidente da república por cinco vezes e derrubado em quatro? 

Aconteceu no Equador, com José María Velasco Ibarra, um sujeito do século “trasado”  (nascido em 1893)estudado em Paris e dono de uma verve ducacapaz de entorpecer o eleitorado que o via e o ouvia em cima dos palanques.

 Além de bom encantador de votos, o Ibarra era vivo, vivíssimo, enxergava acima e abaixo de qualquer linha equinocial, Acabou com os ventos da economia colonial equatoriana e soube como dar um nó na oposição. Quando candidatou-se a chefe supremo pela promeira vez, em 1934, o planeta vivia tempos de crise econômica. Ele levou setores conservadores no papo e chegou lá, pra, depois, aplicar um golpe nos fazendeiros, com plano de reforma agrária que dividia as terras da moçada – pediu pra ser derrubado, o que rolou em 1935, por golpe militar.

Ibarra voltou ao poder, em 1944, mas, por pisar na bola, durante conflitos fronteiriços com o Peru, novamente,  ” aos militares para derrubá-lo. Era 1947 e ele aproveitou a perda do emprego paracurtir um exílio. Voltou ao Equador, em 1952, para ser “trieleito”. Daquela vez, porém, chegou ao final do  mandato, em 1956, quando seu país conseguira uma grande safra de bananas e amplas exportações.

 Chegou a década-1060 e o bom de voto Ibarra foi eleito, pela quarta vez. Mas só sentou-se na antiga cadeira por apenas dois meses e uma semana, pois o parlamento nacional viu o seu  governo muito comunistão. Sem problemas! Em 1968, lá estava ele sendo eleito e empossado, pela quinta vez, presidente do Equador. Só que ele se esqueceu do que havia aprontado três décadas antes, quando tentou sacanear os grandes fazendeiros. Andou falando em revolução cubana, em esmagar as oligarquias e aquelas coisas todas já muito manjadas e que não colavam no paísEm 1972, cinco meses antes de terminar o mandato, voltou a ser convidado pelos militares se retirar dpoder – em uma terça-feira de Carnaval, no golpe que ficou conhecido por El Carnavalazo.

Fim de festa? Nem tanto. Em 1977, quando estava exilado na Argentina, o veterano Ibarra foi procurado pelos seus chegados pra tentar se eleger, pela sexta, vez presidente equatoriano. Aos 84 de idade,  ele só não topou porque não tinha mais saco para ser derrubado por ativistas sociais, golpistas militares, conspiradores e ex-aliados políticos. Quando nada, saiu desta “para uma outra melhor” (em 1979), pintado no mais mais perfeito retrato da instabilidade política já clicada acima e abaixo do Equador.

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