Gente, estava acompanhando o funeral do queridíssimo papa Francisco em minha smart tv de 98 polegadas, quando um trecho da transmissão me surpreendeu: uma correspondente recordou um questionamento polêmico sobre os gays que fez ao Pontífice e como a resposta dele foi crucial para autorizar bênçãos aos LGBTQIA+ da igreja. Admito que fiquei mega emocionada com esse fato.
Bem, acontece que, durante a transmissão do funeral do papa Francisco no Vaticano, a correspondente da TV Globo, Ilze Scamparini, relembrou uma questão levantada ao Santo Padre sobre os homossexuais e a surpreendente resposta que teve.
Visivelmente emocionada, a jornalista revelou que apesar de já terem se passado 12 anos do fato, ainda sente um frio na barriga ao recordar a cena que protagonizou ao lado do Pontífice.
“Quando eu lembro daquele momento, me transporto para aquela cena no avião. Eu ainda sinto um impacto no meu sistema nervoso, daquela fala: ‘Quem sou eu para julgar’, referindo-se aos homossexuais. Muitos progressistas gostaram dessa fala, mas os ultraconservadores nem tanto”, recordou.
Scamparini reforçou que, com a intervenção do papa, a igreja católica deu permissão para bênçãos a integrantes de comunidades gays.
“O papa tentou de várias maneiras abrir o Pontificado. E depois de anos, ele conseguiu autorizar bênçãos aos homossexuais na igreja. Não foi fácil, isso na verdade, foi um passo enorme”, destacou.

Ilze recorda pergunta polêmica que fez ao papa (Reprodução/TV Globo)
Sobre a questão que levantou ao Pontífice, Ilze relembrou que seu questionamento sobre os homossexuais aconteceu em 2013, a bordo do avião papal.
“Era um domingo, e entrei no avião com uma intuição. Me coloquei numa espécie de fila para fazer minha pergunta, levantando minha mão. Dois jornalistas brasileiros cederam os lugares deles para mim. Fiquei bastante tempo com o braço levantado. Alguns jornalistas fizeram perguntas, até que o porta-voz do Vaticano encerrou a entrevista, deixando meu braço levantado sem resposta”, detalhou.

A correspondente internacional da Globo relembrou que apesar da coletiva de imprensa ter sido finalizada, o papa quis ouvi-la (Reprodução/TV Globo)
E seguiu alegando que, apesar do encerramento da breve coletiva de imprensa, papa se dispôs a ouvi-la.
“Mas o papa não me ignorou, olhou para mim e pediu ao porta-voz para deixar que eu falasse. Num gesto com a mão, me chamou. Eu fui lá na frente, onde ele estava, e peguei o microfone. Antes de perguntar, pedi licença ao papa para tocar num assunto delicado. Ele consentiu com a cabeça, bem sério. Na hora, Francisco ficou bastante embaraçado, um pouco nervoso. Essa foi a minha impressão. Era a primeira vez que alguém perguntava a um papa sobre gays”, confessou.
Ilze Scamparini contou que, após a pergunta, o Pontífice demorou alguns minutos para respondê-la.
“Depois, ele foi fazendo sua reflexão, e então veio a frase, criando um antes e depois, ‘Quem sou eu para julgar?’. Isso dito por uma igreja que sempre julgou de uma maneira impiedosa”, ressaltou.
E continuou: “Ele me agradeceu, falou: ‘obrigado por ter feito essa pergunta’, mas já não sorria. Saí dali sentindo uma emoção muito forte, contrastante. Sentei-me na cadeira do avião, fechei os olhos, e por um instante senti alguém apertando meu braço. Era o padre Lombardi, o porta-voz, que me disse algo como ‘[fica] tranquila que o papa gostou da pergunta'”, lembrou.
A correspondente da TV Globo em Roma também destacou que, horas após a resposta surpreendente do papa, debates acalorados sobre a pauta homossexual na igreja se intensificaram.
“Oito ou nove horas depois, a gente pousou em Ciampino, em Roma. A confusão estava armada e começou então um debate na igreja que até hoje não terminou”, completou.