FÁBIO PUPO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O governo federal assinou um contrato com a Embratur (Agência Brasileira de Promoção Internacional do Turismo) para ampliar a hospedagem em Belém por meio de navios. O objetivo é reduzir o déficit de leitos na capital paraense frente à demanda de visitantes da COP30 (conferência das Nações Unidas voltada ao clima), em novembro.
De acordo com o governo federal, a parceria prevê a disponibilização de 6.000 leitos em navios. O contrato de garantia firmado entre Casa Civil e Embratur tem o valor de R$ 263 milhões e coloca o órgão como responsável por contratar a operadora, que, por consequência, contrata os navios.
Desse total, R$ 30 milhões serão desembolsados pelo governo federal para garantir vagas para equipes da ONU (Organização das Nações Unidas). A previsão é que 600 pessoas da entidade sejam atendidas por meio do contrato. O restante do valor será coberto pela venda de cabines da operadora a ser contratada pela Embratur.
O secretário extraordinário para a COP30 do governo federal, Valter Correia, afirmou que a iniciativa com a Embratur é parte de um esforço voltado a garantir a estrutura do evento. “A Embratur é o órgão que vai contratar a operadora, que, por consequência, contrata os navios.
Estamos garantindo a infraestrutura necessária para receber com dignidade os participantes da COP30, ao mesmo tempo em que deixamos um legado importante para a população local”, afirma Correia.
De acordo com o governo federal, desde o início de 2024, diálogos vêm sendo conduzidos com diferentes companhias de navios de cruzeiro para viabilizar a participação das empresas como parte da solução de hospitalidade para a COP30. Até o momento, diz o governo, manifestaram interesse em ofertar leitos as companhias marítimas MSC Cruzeiros e Costa Cruzeiros.
Para viabilizar a atracação de grandes navios, está em obra de revitalização e ampliação o Porto de Outeiro, um investimento estratégico que garantirá a infraestrutura necessária para receber embarcações de grande porte durante a conferência. A obra está 69% concluída, segundo o governo do estado.
Belém hoje dispõe de 15.246 leitos nas principais plataformas de hospedagem, de acordo com o governo do estado. O número é insuficiente frente à demanda esperada, que pode ultrapassar 40 mil visitantes. Além da solução dos transatlânticos, o Governo do Pará tem recorrido a intervenções em escolas e até vilas militares para expandir a capacidade da cidade.
A vice-governadora do estado, Hana Ghassan Tuma, minimizou as preocupações com o déficit de leitos e defendeu o uso de navios.
“A estratégia de hospedagem em navios não é uma estratégia improvisada, ela é uma estratégia que já foi utilizada em grandes eventos, como Olimpíadas e Copa do Mundo, e tem o aval e o acompanhamento da equipe da ONU. Isso vai ajudar de uma forma sustentável a ampliar o número de hospedagens para receber os participantes desse grande evento”, disse.
Segundo ela, os participantes chegam à cidade não ao mesmo tempo, mas de forma diluída ao longo do período de duração da conferência.
Para a vice-governadora, a cidade conseguirá atender à necessidade do evento. “A COP leva 15 dias de duração. Os 50 mil participantes não vêm em um único dia. Existe um maior número de participantes durante a presença dos presidentes dos líderes. Esse número se dilui ao longo dos 15 dias. E o governo do estado, com as estratégias de hospedagem que eu apresentei para vocês, terá capacidade de hospedar ao mesmo tempo, como se todos viessem juntos no mesmo dia, 50 mil participantes”, afirma.