RICARDO DELLA COLETTA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O presidente do Chile, Gabriel Boric, disse nesta quinta-feira (24) que decisões do STF (Supremo Tribunal Federal) de combate à desinformação, entre elas o bloqueio da rede social X, foram “um exemplo mundial” e destacaram a importância de que as leis nacionais sejam respeitadas pelas grandes empresas de tecnologia, as chamadas big techs.
“Ontem, na reunião com o STF, foi muito interessante. No Chile, pareceu-nos tremendamente valioso a decisão do STF de exigir a uma grande companhia de tecnologia, como o X, ex-Twitter, que no Brasil as leis nacionais sejam respeitadas independentemente do poder que tenha uma corporação multinacional”, disse Boric durante uma palestra na UnB (Universidade de Brasília).
“Esse papel que, desde o Judiciário, se jogou contra a desinformação, é um exemplo mundial. O que fizeram ali é realmente valioso”, disse o chileno.
Boric conclui nesta quinta uma visita de Estado de três dias a Brasília. Na terça (22), ele se reuniu com o presidente Lula (PT) no Palácio do Planalto.
Durante sua palestra na UnB, Boric também disse ter sentido vergonha ao ver, na posse do presidente dos EUA, Donald Trump, os principais executivos das grandes empresas de tecnologia.
“Tive vergonha de quando os representantes das big techs foram à posse nos EUA, prestar homenagem ao novo presidente [Trump], e modificaram inclusive as suas políticas de respeito às minorias ou contra a desinformação que estavam sendo levadas adiante. São essas pequenas omissões, ou ações, que parecem insignificantes, que podem terminar também levando adiante, em qualquer lugar do mundo, a tiranias que não queremos voltar a vier.”
Em 2024, o X permaneceu suspenso no Brasil durante mais de um mês por determinação do ministro Alexandre de Moraes. A justificativa é que a plataforma vinha descumprindo decisões judiciais relacionadas à derrubada de perfis.
No ano passado houve ainda intensas críticas do dono do X, o bilionário Elon Musk, a Moraes. O empresário, hoje um dos principais assessores de Trump, acusou Moraes de praticar censura no Brasil. O ministro incluiu Musk em inquérito que apura a existência de milícias digitais antidemocráticas e seu financiamento.