Lula aceita indicação e presidente da Telebras vai assumir Comunicações

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva aceitou a nova indicação do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), para substituir Juscelino Filho no Ministério das Comunicações.

A indicação de Siqueira Filho foi endossada pelo presidente do União Brasil, Antonio Rueda. O novo ministro é descrito como um nome próximo ao senador Efraim Filho (União Brasil-PB) e de perfil técnico, por já ter trabalhado na operadora Oi, e não filiado ao União Brasil.

Por conta disso, o governo avalia que a indicação facilitaria a construção de consenso e evitaria a indefinição que aconteceu com Pedro Lucas.

Alcolumbre foi escalado para ser o principal interlocutor em torno da indicação do ministro das Comunicações. Ele já tem como ministro de sua cota o chefe da Integração e Desenvolvimento Regional, Waldez Góes. Integrantes do partido afirmam que a decisão de Alcolumbre foi apresentar ao presidente Lula o nome de um técnico, e não de um político de carreira, para ocupar a pasta. Pela lei eleitoral vigente, todos que pretendem ser candidatos no ano que vem precisarão deixar os cargos seis meses antes da eleição (ou seja, em abril do ano que vem).

Contradição

A escolha de Alcolumbre por Siqueira Filho ocorreu após conversas entre o presidente do Senado e o presidente do União Brasil. O senador também teve uma conversa privada nesta anteontem com o presidente Lula.

Desde o início do governo, o União Brasil vive uma constante contradição entre se considerar uma sigla governista ou independente. Criada a partir de duas legendas de direita – o DEM, que já foi PFL e nasceu de um braço da Arena, partido de sustentação da ditadura militar, e o PSL, partido que abrigou Jair Bolsonaro nas eleições de 2018 -, a legenda conta com ministros na Esplanada, mas uma bancada com parlamentares historicamente antipetistas.

Segundo congressistas da legenda ouvidos pelo Estadão/Broadcast, a indicação do atual presidente da Telebras para o ministério das Comunicações não deve mudar a correlação de forças na bancada em favor do governo. Parlamentares argumentam que o formato de articulação política está esgotado e que a bancada vai continuar votando em favor apenas daquilo que considerar “o melhor para o País”.

Nos bastidores, deputados afirmam que Rueda ficou incomodado por não ter sido chamado por Lula para a negociação do espaço do União Brasil na Esplanada. Com outros partidos, o posicionamento do governo teria sido o de chamar os respectivos presidentes para a mesa de conversas.

O nome de Pedro Lucas foi patrocinado por Alcolumbre, mas retido pela bancada de deputados, que temia uma guerra pela eleição de um novo líder na Câmara. Com a decisão de Pedro Lucas de permanecer na liderança, fica desfeita a possibilidade de que Juscelino Filho o substituísse. Juscelino deixou a pasta das Comunicações por ter sido denunciado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) por suspeita de corrupção, mas ele nega.

Pesou pela permanência de Pedro Lucas o clima de instabilidade no partido caso abrisse do atual cargo na Casa legislativa e a dúvida dentro da própria legenda se o governo deve se manter mais proximidade ou não do governo.

‘Desrespeitosa’

Ao negar o convite de Lula, o líder do União Brasil, em nota, pediu desculpas ao presidente: “Minhas mais sinceras desculpas ao presidente Lula por não poder atender a esse convite”, disse Pedro Lucas, em nota. “Posso contribuir mais com o País com o próprio governo na função que exerço na Câmara dos Deputados.” Declarou também ser “líder de um partido plural, com uma bancada diversa e compromissada com o Brasil, o que me permite dialogar com diferentes forças políticas, construir consensos e auxiliar na formação de maiorias em pautas importantes para o desenvolvimento do Brasil”.

Reservadamente, figuras do governo dizem que a ação foi considerada desrespeitosa.

Estadāo Conteúdo
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