Chuva causa estragos em regiões do DF

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Várias regiões do Distrito Federal foram atingidas por uma forte chuva na terça-feira (22), que deixou o céu completamente escuro e assustou os moradores. Por volta das 16h30, uma grande nuvem transformou o dia em noite. Além dos raios, trovões e rajadas de vento, a chuva também causou estragos na infraestrutura das cidades. O registro de internautas mostrou bueiros transbordando, buracos se abrindo no asfalto e quedas de árvores.

Regiões como Vicente Pires, Sobradinho, Estrutural, Plano Piloto e Taguatinga ficaram com ruas totalmente alagadas, dificultando a travessia de carros e pedestres. Em Brazlândia e em Sobradinho II, o Corpo de Bombeiros Militar do Distrito Federal (CBMDF) atendeu ocorrências de queda de árvores, que obstruíram algumas vias e precisaram ser retiradas. Não houve vítimas.

Em entrevista ao JBr, o estudante Renato Silva, de 26 anos, morador da Asa Norte, comentou que não conseguiu chegar na faculdade a tempo de assistir uma das aulas do dia porque, na noite de terça-feira (22), a tesourinha da quadra 410 estava alagada e intransitável. Ele contou que teve que voltar para casa e esperar por cerca de 2 horas até a água começar a escoar, antes de sair novamente.

“Aqui na Asa Norte é sempre a mesma coisa: quando chove, tudo alaga. Essa não é a primeira vez que eu tive que voltar pra casa porque não dava pra passar por pontos alagados, e quando isso acontece não tem outro jeito, tem que esperar”, relatou o jovem. “Perto do meu prédio, vários galhos caíram das árvores e atingiram os carros, mas quando os moradores perceberam, correram para tirar”, comentou.

Em nota, a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap) esclareceu que a diretoria de urbanização da empresa atua diariamente na prevenção com a desobstrução de bocas de lobo e redes de drenagem pluviais. Segundo o órgão, a intensificação das operações garantiu a retirada de cerca de 80 mil toneladas de entulhos, de janeiro a outubro deste ano. As equipes limparam mais de 540 quilômetros de rede de drenagem e 22 mil bocas de lobo.

“A companhia também tem atuado em pontos estratégicos que causam alagamentos durante o período chuvoso, como é o caso das tesourinhas, localizadas na Asa Norte. Após vistoria, foi identificado que algumas tesourinhas necessitavam de adequação e ampliação da rede de captação de água. As manilhas de dreno com espessura de 200 mm foram trocadas por outras com 400 mm”, explicou a Novacap.

De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o DF já acumulou mais de 230 milímetros de chuva somente no Plano Piloto, em 22 dias, superando as expectativas para todo o mês de outubro. Atualmente, a capital federal está sob alerta amarelo, que indica perigo potencial devido às chuvas intensas, características desta época do ano. Ao longo da próxima semana, as precipitações continuam.

Nesta quarta-feira (23), o dia começou ensolarado, contudo, no final da tarde e início da noite a chuva caiu em pontos isolados, após a concentração de diversas nuvens no céu. A temperatura máxima foi de 29ºC e mínima de 18ºC. Nesta quinta-feira (24), a temperatura máxima chega aos 30ºC, com mínima de 19ºC. Esse padrão segue até o final de semana, com umidade relativa do ar entre 50% e 95%.

Segundo o Inmet, o DF é uma das regiões atingidas pela “Zona de Convergência do Atlântico Sul” que traz nuvens carregadas e uma frente fria. Essa frente fria avança pelo Oceano Atlântico, passando principalmente pelas regiões Sul e Sudeste do país. Com a movimentação dos ventos,um canal de umidade se forma do Sul até a região Norte, levando chuvas para a maior parte dos estados.

Com a ocorrência das chuvas, existe ainda a possibilidade de corte de energia elétrica e descargas elétricas. Em nota, a Neoenergia deu algumas orientações à população para evitar acidentes nesse período, entre elas: buscar abrigo assim que ver as nuvens carregadas no céu; evitar colher frutas, legumes ou verduras; além de não ficar próximo a animais ou cercas de arame.

Também é importante não ficar próximo a objetos metálicos pontiagudos; não se abrigar debaixo de varandas, barracos e celeiros; não caminhar em áreas descampadas; não ficar parado em rodovias, ruas ou estradas; não subir em telhados, terraços ou montanhas; não utilizar equipamentos ligados à rede elétrica e evitar falar ao telefone com fio ou o celular conectado ao carregador.

Monitoramento

De acordo com a Companhia Urbanizadora da Nova Capital do Brasil (Novacap), a sala de monitoramento dos impactos da chuva, anunciada em coletiva de imprensa na semana passada, ainda está em fase de intensificação para começar a realizar esse acompanhamento. A medida tem o intuito de identificar de forma mais ágil situações de alagamentos em obras e em pontos críticos da cidade para o acionamento das equipes.

Para atuar nas ocorrências, equipes de órgãos do Governo do Distrito Federal (GDF) estarão de prontidão, com 12 caminhões hidrojatos e equipamentos para a desobstrução das bocas de lobo e escoamento das águas das chuvas. O serviço funcionará na sede da Novacap, no Centro de Gestão Integrada (CGI) da empresa e reúne informações das obras e dos serviços de manutenção.

Saiba Mais

Obras de drenagem estão acontecendo em várias regiões do Distrito Federal, como no Sol Nascente, Vicente Pires, SOF Sul e Arniqueira, contudo, a principal delas, a do programa Drenar-DF, ainda não foi concluída. Segundo o diretor técnico da Agência de Desenvolvimento do Distrito Federal (Terracap), Hamilton Filho, 97,1% das ações já foram finalizadas, faltando cerca de 240 metros para serem escavados.

Em nota, a Terracap explicou o motivo para a demora na conclusão do projeto: em um dos lotes de escavação, as equipes estão com dificuldades devido à descoberta de um solo mais rígido do que o previsto nos estudos prévios conduzidos pelas equipes técnicas. “O solo encontrado no local foi caracterizado pelos engenheiros composto por um material altamente resistente, compacto, de baixa porosidade e elevada coesão”, destacou.

“Diante do obstáculo, foram montadas sete frentes de trabalho e, em todas elas, a alternativa foi recorrer ao uso de escavadeiras e furadeiras hidráulicas – equipamentos especializados munidos de brocas capazes de perfurar e romper solos resistentes”, completou a pasta. A obra promete resolver os problemas de alagamentos na Asa Norte, escoando a água para uma bacia que ficará próxima à L4 Norte.

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