GDF anuncia pacote de obras e ações emergenciais para conter alagamentos em Ceilândia e Sol Nascente

chuva ceilandia

 

Após os alagamentos provocados pelas fortes chuvas que atingiram o Distrito Federal nesta terça-feira (22), o Governo do DF afirmou estar colocando em prática medidas estruturais para conter os problemas recorrentes de drenagem, especialmente em áreas como Ceilândia e Sol Nascente. Entre as iniciativas, estão projetos de infraestrutura urbana em andamento, como o Drenar Ceilândia e o Drenar Taguatinga, além de um novo empreendimento orçado em R$ 11 milhões, com início previsto para maio, que pretende solucionar os pontos mais críticos da região em até oito meses.

O governador Ibaneis Rocha comentou que a precipitação intensa foi uma “tromba d’água” que durou menos de 30 minutos, mas suficiente para causar transtornos, inclusive no sistema metroviário, que operava com restrições na manhã seguinte. “Era uma área que já tínhamos detectado que precisava de drenagem. Mandamos elaborar um projeto no fim do ano passado, que ficou pronto agora. Ele vai para licitação no início de maio”, declarou durante agenda no Lago Sul. Segundo o GDF, cerca de 75% das obras de infraestrutura do Sol Nascente já foram executadas, e os locais afetados são justamente os que ainda aguardam finalização.

A Administração Regional de Ceilândia informou que enviou equipes técnicas para vistoriar as áreas atingidas logo após o temporal. “Uma força-tarefa da administração regional, juntamente com os órgãos apoiadores do GDF, está atuando na limpeza e reconstrução dos pontos críticos”, disse o órgão em nota. Segundo a administração, as emergências foram atendidas pelas pastas responsáveis e o objetivo é minimizar o impacto para os moradores.

Já a Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Habitação (Seduh) afirmou que o alto volume de água em curto período provocou uma sobrecarga no sistema de drenagem urbana. No entanto, segundo a secretaria, o escoamento aconteceu de forma rápida após a chuva cessar, o que comprovaria o funcionamento adequado das redes já instaladas. A Seduh ressaltou ainda que os projetos de drenagem em andamento irão aumentar a capacidade de escoamento das águas pluviais e reforçar o sistema nas regiões mais afetadas.

Apesar dos anúncios, a população e representantes políticos criticam a demora na conclusão das obras. Para o deputado distrital Max Maciel, os alagamentos são resultado da negligência do Estado. “Mais uma vez, Ceilândia foi duramente atingida por fortes chuvas, e mais uma vez o GDF falha em proteger a população. As imagens são consequência direta da negligência do Estado, que insiste em ignorar a crise climática e suas implicações para as periferias do DF”, afirmou.

O parlamentar chamou atenção para o andamento lento do Projeto Drenar Ceilândia, que possui três frentes, mas apenas uma está em execução. “Encaminhamos ofício à bancada federal do DF solicitando R$ 400 milhões para garantir a execução completa do projeto. Precisamos de soluções urbanísticas que respeitem o curso da água, com áreas verdes e menos solo impermeável”, disse.

Moradores da região relatam os transtornos vivenciados com o temporal. A estudante Lia do Nascimento Dias Alvarenga de Melo, de 24 anos, ficou presa por causa da enxurrada. “Ficamos presos no local, além da chuva, estava ventando muito. Quando conseguimos entrar no carro, já estava tudo alagado. Esperamos cerca de 20 minutos até a água baixar um pouco, mas mesmo assim pegamos muito trânsito e tivemos que dar uma volta enorme para buscar meu primo na escola”, contou.

Rafaella Guedes, também de 24 anos, estava em um ônibus quando a chuva começou. “Tinha uma árvore caída e a via estava completamente alagada. O ônibus precisou ir devagar, e mesmo assim desci em uma parada e fiquei ilhada por mais de meia hora. Resolvi ir a pé, mesmo com água até os joelhos. Sempre que chove, alaga tudo”, lamentou.

Enquanto o GDF projeta novas soluções e reforça ações em curso, a população segue cobrando resultados práticos e imediatos. A cada novo temporal, o cenário se repete: ruas intransitáveis, casas invadidas pela água e prejuízos que atingem principalmente quem vive nas periferias do DF.

 

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