Katznelson

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Durante as décadas-1960/70, ele foi um dos mais importantes empresários do esporte brasileiro. Entre os seus clientes, só feras: João Henrique, José Severino, Sebastião Nascimento, Juarez de Lima, Osvaldo Assunção, o melhor do pugilismo brasileiros.

Lá pelas tantas, o sujeito tentava, com o os donos do boxe nos Estados Unidos, marcar luta do campeão sul-americano do peso galo, um tal de Éder Jofre, de quem os norte-americanos jamais haviam ouvido falar. Achavam que o carinha fosse lituano e que nascera na argentina Rosário, em 25 de maio de 1917.

Abraão Katznelson (foto E), o personagem desta coluna, viveu durante 95 temporadas, até 14 de setembro de 2012. Foi sempre um sujeito virador. Por causa daquilo, um amigo sugeriu-lhe tentar ser empresário no Brasil.

Era 1955, quando ele chegou a São Paulo e fez amizade com Don Cacildo, arrendatário e promotor de shows na boate do Hotel Lorde, este propôs-lhe promover alguns artistas, pelo interior paulista, mas o sucesso só rolou para ele quando trouxe Francisco Canaro para uma temporada pelo Triângulo Mineiro. Em 1956, abriu a empresa Promoções de Espetáculos Mundiais, Artísticos e Esportivos, e travou contato com Paulo Machado de Carvalho Filho, que começava a ocupar os espaços do “Marechal da Vitória”, em suas empresas de rádio e TV.

Por aquela metade de década-1950, Jacob Naum era o principal empresário do boxe no Brasil. Katznelson propôs-lhe trazer Kid Gavilan para encarar Paulo de Jesus, o maior nome do pugilismo daqui. Como o sujeito não pode vir, por intermédio do empresário norte-americano Anthony Peronella, trouxe a lenda Rock Marciano que, mesmo em final de carreira, fez-lhe ganhar muito dinheiro e passar a frequentar o circuito dos “papas” do empresariado dos ringues.

Katznelson levava lutadores brasileiros para os Estados Unidos e o Japão, arrumando bolsa de US$ 2 mil dólares, por apresentação e tirando 30% de comissão. Para um deles tentar o título mundial lá fora, advertia ser preciso fazer lutas preliminares; enfrentar clima adverso; alimentação diferente do costumeiro e juízes e jurados que seriam adversários. Só ganhariam se fosse por grande margem de pontos, ou se derrubassem o desafiante. Para este caso, avisava que a bolsa de um campeão variaria entre US$ 30 a 60 mil dólares. Embora visse potencial para título em João Henrique, Juarez de Lima, Edmundo Leite e Sebastião Nascimento, por exemplo, da sua turma, ele só viu Éder Jofre ser campeão.

Katz, para os amigos, começou a ser virador a partir de 1936. Para arrumar dinheiro e levar a namoradinha ao circo, promoveu uma festa, em um barracão abandonado, tocando apenas três discos. Em 1941, uniu-se a Domingo Schiaraffia, o campeão argentino dos penas, e passaram a promover bailes no salão do mercado de flores, em Buenos Aires. A sociedade durou dois anos, tempo suficiente para ele conhecer os principais chefes de orquestras argentinas. Em 1947, mudou-se para Corrientes, associou-se ao proprietário do Salão Monumental e, além de bailes, promoveu boxe e luta livre. De volta à capital portenha, em 1950, passou a ter Gregório Barrios, Francisco Canaro, Alfredo de Angeli, Alberto Castilho e Ary Barroso como clientes.

Para muitos concorrentes, embora Katznelson tivesse ajudado o Éder Jofre a chegar ao título de campeão mundial do peso galo, ele agia como um gangster. Ainda o empresariava o Jofre quando este veio a Brasília lutar contra o francês Michel Lefebvre, já como peso pena, e o venceu, facilmente, no ginásio Nilson Nélson, em 1976, em uma das suas últimas subidas ao ringue. Antes, em 1971, associou-se ao empresário musical Marcos Lázaro e trouxe o “Galo de Ouro” a Brasília, para conquistar o título mundial dos penas, diante do espanhol (naturalizado cubano) José Legra.

Um outro seu grande feito foi colocar 15 mil pagantes no ginásio do Ibirapuera, em 1961, batendo o recorde de bilheteria dos esportes na capital paulista, só superado dois anos depois, por um jogo dos times masculinos de basquetebol dos rivais Corinthians e Palmeiras. Além dos lutadores já citados, outros brasileiros empresariados por Katz e que disputaram cinturões foram Sidnei Dal Rovere, Luizão, Francisco Tomas da Cruz, José de Paula, Raimundo de Jesus, Peter Venâncio e Giovani Andrade.

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