MP-SP denuncia homem por esfaquear ex-companheira após o fim do relacionamento


Vítima sofreu lesões graves após ataque na madrugada de 2 de março; promotor aponta motivo torpe e violência doméstica, enquanto defesa alega legítima defesa do acusado de 29 anos. Homem esfaqueou a ex-companheira em Santos
Pixabay/Imagem ilustrativa
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) denunciou um homem de 29 anos por esfaquear a ex-companheira na casa dela em Santos, no litoral de São Paulo. De acordo com a denúncia, obtida pelo g1 nesta terça-feira (22), Lucas Lopes da Silva cometeu o crime porque não aceitava o fim do relacionamento. A defesa sustenta que ele agiu em legítima defesa.
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O crime ocorreu na madrugada de 2 de março, na residência da vítima, no bairro Embaré. De acordo com o boletim de ocorrência, Lucas acionou a Polícia Militar (PM) e confessou que havia esfaqueado a ex‑companheira.
A vítima foi internada e relatou à polícia que havia terminado o relacionamento porque Lucas era violento, mas ele não aceitava o rompimento.
De acordo com a mulher, o agressor pegou uma faca de cozinha e a atacou durante uma discussão, após ela voltar de uma festa. Lucas estava na casa porque tinha se oferecido para cuidar do filho da vítima, de 4 anos.
Conforme apurado pelo g1, o homem foi preso em flagrante e a vítima solicitou medida protetiva de urgência. Mais de um mês depois, o Ministério Público de São Paulo (MP-SP) apresentou uma denúncia por tentativa de homicídio qualificado.
No documento, o promotor de Justiça Fábio Perez Fernandez citou o prontuário médico e o laudo pericial que apontaram lesões internas graves e a necessidade de drenagem torácica bilateral, qualificando o crime como tentativa de feminicídio. Para o MP, Lucas agiu por motivo torpe, movido por sentimento de posse, em contexto de violência doméstica.
Em 10 de abril, o juiz Alexandre Betini recebeu a denúncia e manteve a prisão preventiva de Lucas. Ele ainda estipulou o prazo de 10 dias ele apresentar a defesa.
Assistente de acusação
Ao g1, o advogado Renan Lourenço, que auxilia o MP-SP como assistente de acusação, afirmou esperar a condenação de Lucas.
“Estamos diante de um caso de tentativa de feminicídio, onde uma mulher foi brutalmente agredida por alguém que tentou tirar sua vida apenas por ela ser mulher. Não podemos permitir que isso seja esquecido. Não podemos permitir que a violência doméstica continue impune”, relatou.
De acordo com ele, o caso não deve ser somente mais um número na estatística, pois trata-se de “uma história de dor e luta pela sobrevivência”. Por isso, a acusação lutará na Justiça para que o agressor seja responsabilizado.
“Estamos buscando honrar a vida dela, e que todos reconheçam a sua dor e mostrar que, como sociedade, não toleramos esse tipo de violência. […] Quando a vida de uma mulher é atacada, todos nós somos afetados. Não podemos deixar que isso passe em branco. A justiça é uma necessidade, não uma opção”, finalizou Lourenço.
Defesa
Em nota, o advogado do acusado, Giuliano Luiz Teixeira Gaino, afirmou que se surpreendeu com a denúncia oferecida pelo MP-SP. “As circunstâncias do fato e os indícios até então reunidos na fase do inquérito policial não indicam intenção homicida por parte do defendido, antes o contrário, pois o mesmo somente agiu em defesa própria, o que será melhor esclarecido no curso do processo”, disse.
De acordo com a defesa, Lucas estava na casa da mulher a pedido dela. “Ela retornou de madrugada e pegou a faca para expulsá-lo da residência no meio da noite, o que gerou a discussão. O próprio Lucas acionou a polícia militar pelo 190 e pediu socorro ao Samu, pois não desejava mal maior à vítima e com ela permaneceu até a chegada das viaturas”.
Ainda segundo Gaino, todos os fatos serão esclarecidos durante a instrução processual. “A defesa provará que não houve dolo por parte do acusado, ao contrário do alegado pelo Ministério Público”.
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