“Um ser humano de uma humildade enorme”, lembrou o governador Ibaneis Rocha ao falar sobre o Papa Francisco, nesta segunda-feira (21), durante missa na Catedral Metropolitana Nossa Senhora Aparecida (Catedral de Brasília). A solenidade ocorreu em homenagem ao aniversário de Brasília e em comemoração ao Jubileu da Arquidiocese da capital federal, mas foi marcada também pelo falecimento do líder da Igreja Católica.
“Todos lamentamos muito a morte do Papa Francisco, que era um ser humano de uma humildade enorme. As duas vezes que eu estive com ele, era sempre pedindo para a gente rezar por ele. O seu falecimento coincidiu com o aniversário de Brasília e com a celebração da Igreja Católica da capital da República”, ressaltou Ibaneis.
O chefe do Executivo destacou que o sentimento é de tristeza, mas também de celebração pelo aniversário de Brasília. “Uma missa lindíssima, todos muitos sentidos. Mas temos também que lembrar que celebrar a capital da República é um ato muito importante. Brasília está de parabéns e estamos fazendo uma festa linda, são três dias de festa, encerrando hoje. Com muita segurança, temos que elogiar muito o trabalho da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros do Distrito Federal que tem dado toda segurança para a população”, frisou.
Por conta do falecimento do Papa Francisco, o Governo do Distrito Federal (GDF) decretou luto oficial de sete dias. O pontífice morreu na madrugada desta segunda-feira (21) decorrente de um quadro de pneumonia. O momento se junta ao aniversário de Brasília, e entrará para a história. “Daqui alguns anos isso será motivo de celebração, comemorar o aniversário de Brasília junto com o de morte do Papa”, disse Ibaneis.
No domingo de Páscoa, ontem, mesmo com complicações de saúde, o Papa saudou os fiéis na Praça São Pedro, no Vaticano. “Olha a sensibilidade dele, no domingo de Páscoa fez questão de orar com quem estava naquele lugar, parece que ele sabia que esse seria o último encontro com o povo. Foi uma cena linda que será lembrada por todos”, ressaltou Ibaneis.
Existia uma expectativa por parte do GDF e da Arquidiocese de Brasília que o Papa viesse à capital federal durante as festividades de 65 anos. “O Dom Paulo levou o convite para que o Papa viesse a Brasília, mas infelizmente a saúde dele não permitiu que ele estivesse celebrando junto conosco. O que podemos fazer é rezar por ele, para ter toda paz que ele merece”, disse Ibaneis.
Também presente na missa, a vice-governadora Celina Leão exaltou o legado deixado pelo Papa Francisco. “A comunidade cristã do Brasil e do mundo todo recebe com muito pesar. O Papa Francisco foi um líder totalmente diferente. Ele deixou vários ensinamentos, falou sobre humildade, sobre uma igreja preparada para receber as pessoas que mais precisam de Cristo e é isso que vejo como o grande legado dele”, comentou.
“O Papa Francisco revolucionou o papado com a sua forma de ser. Ele foi um exemplo, e deixou isso como legado. Acontecer essa morte no dia do aniversário de Brasília é um misto de sentimentos, de alegria pelos 65 anos, mas também de pesar pelo falecimento dele. A missa servirá para a gente relembrar que estamos de passagem nesta terra e que o único legado que vamos deixar é o ensino e o exemplo. A comunidade católica está realmente muito impactada, além do aniversário de Brasília vamos homenagear este grande Papa”, acrescentou Celina.
Misto de emoção
A missa foi presidida pelo Arcebispo Metropolitano de Brasília, Cardeal Dom Paulo Cezar Costa, a qual abriu a celebração destacando o misto de emoção que prevaleceu na Catedral. “Estamos na nossa Catedral com um misto de sentimentos, alegria e ao mesmo tempo tristeza. Alegria porque estamos celebrando os 65 anos da nossa amada cidade e da nossa arquidiocese de Brasília, mas também tristeza porque perdemos o nosso Papa Francisco”, discursou.
“É um misto de sentimentos, mas é preciso celebrar, olhar para tudo aquilo que o Senhor fez nessa cidade e pela nossa arquidiocese. Aqui, a cidade e a igreja cresce juntas porque assim foi a vontade dos nossos fundadores”, ressaltou o Cardeal. O religioso aproveitou para destacar o amor do Papa Francisco pela igreja e a sua referência como um pai para o mundo.
“O Papa é para nós como um pai. O mundo perdeu um pai. É um misto de sentimentos, onde agradecemos, mas onde também entregaremos ao amor misericordioso de Deus o nosso amado Papa Francisco, homem que serviu a igreja com alegria. Homem que iniciou o seu pontificado falando da alegria do evangelho, homem profético onde apontou para o mundo as principais questões atuais, os seus problemas”, ressaltou Dom Paulo Cezar.
O momento também foi usado pelo Cardeal para consolar os fiéis. “Estamos tristes porque perdemos o nosso Papa, mas estamos também com o coração consolado porque a morte para o cristão não é o fim de tudo, a morte é certeza da vida eterna. A vida de um cristão é ser inserido no ministério de Cristo, e o Papa foi inserido neste ministério. Foi um homem que sempre teve no seu coração o ministério de Cristo, e seguiu esse caminho com beleza”, ressaltou.
Ao Jornal de Brasília, a auxiliar de consultório odontológico, Beatriz Oliveira, 47 anos, contou que o falecimento do Papa foi mais um motivo para ir à Catedral. “O que me impulsionou a vir à missa é que meus filhos servem a Catedral e ao acordar soube do falecimento do nosso pastor [Papa] e isso foi um das maiores forças que fez eu chegar aqui. Além de ser em comemoração ao aniversário da nossa cidade, que é um local de esperança, amor e onde deixamos os nossos frutos”, comentou.
“Hoje é uma mistura, de sofrimento, tristeza, mas também de alegria. O nosso Papa fez a Páscoa dele, a nossa grande alegria é ter a certeza de que ele foi para a casa eterna do Senhor. Ele deixa um grande legado, até pelo significado do seu nome Francisco. Que a gente continue com um olhar para o ser humano, com amor e compaixão”, completou Beatriz.
O auxiliar de serviços gerais, Marcelo Vasconcelos, 53, se emociona ao falar sobre o Papa Francisco. “É um momento único, de muita alegria e tristeza. É uma emoção muito grande. Ele me deixa um grande legado, uma marca de amor, pastor e de paz. Em relação ao aniversário de Brasília, espero que a nossa cidade seja como o sonho de Dom Bosco, uma cidade de paz, que propague o alimento de harmonia, alegria e unidade”, frisou.
A autônoma Marliete Lima, 62, também foi envolvida pelo misto de emoção da missa. “Eu já vinha a missa por conta da cruz usada na primeira missa celebrada no Brasil. De madrugada eu soube do falecimento do Papa, que nos deixa com um misto de sentimentos. Eu já rezei muito por ele e graças a Deus assisti mais uma missa aqui. É alegria e tristeza, mas sabemos que é o nosso caminho como cristão, todos vamos para o outro lado. Sei que o nosso Papa está com Deus”, salientou.
Cruz da primeira missa
Durante a celebração, a cruz usada na primeira missa celebrada no Brasil, em 1500, ficou exposta aos presentes. O artefato, que fica em Portugal, está em peregrinação pelo Brasil, em comemoração ao Jubileu de 525 anos da primeira celebração da Igreja Católica no território brasileiro. Amanhã (22), a cruz será levada à sede da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Na quarta-feira (23), a cruz segue para Belém (PA).