
Laboratório da Ciência do Café fica em Santa Teresa, na Região Serrana do Espírito Santo. Antes, os cafeicultores da região não sabiam o potencial do produto porque o laboratório mais próximo ficava a 70 km de distância. Laboratório ajuda na melhoria das técnicas de plantação e pesquisas de café
Os cafeicultores capixabas ganharam um novo laboratório que ajuda a melhorar a qualidade do café e também facilitar a avaliação dos grãos. Antes, os grãos precisavam ser enviados para locais mais distantes, o que aumentava os gastos e desestimulava os agricultores a entenderem o potencial do produto que estavam cultivando.
O espaço fica no Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes), em Santa Teresa, na Região Serrana do Espírito Santo, e foi inaugurado no final de março. O laboratório também fortalece a educação e a pesquisa na área, além de aprimorar técnicas de produção de cafés especiais.
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Com equipamentos modernos de análise, os estudantes e pesquisadores conseguem avaliar o grão pós-colheita para identificar características como perfis de qualidade, escalas de sabor, aroma e cor.
Laboratório da Ciência do Café do Ifes em Santa Teresa, Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
A coordenadora do laboratório, Luciléa Silva dos Reis, comentou que as ações feitas no local ajudam a classificar se o café para saber se o grão se enquadra nas categorias tradicional, superior, gourmet ou especial, além de dar notas ao produto e propor melhorias aos cafeicultores.
“O laboratório da Ciência do Café não trabalha só a questão da prova e da análise dos grãos. Ele também trabalha toda questão de produção de mudas, de campo, tudo que envolve o processo de café. Atualmente, por exemplo, nós estamos trabalhando com análise de regiões específicas sobre qualidade da bebida. Temos na região de Santa Teresa, a região de Córrego Seco e Alto Caldeirão, onde nós vamos avaliar a qualidade da bebida do café conilon em diferentes altitudes. Temos cafés de Jaguaré sendo analisados aqui, e também estamos avaliando lotes diferentes de café de todo o Espírito Santo para a qualidade do café expresso.
O investimento para criação do Laboratório da Ciência do Café foi de cerca de R$ 700 mil. O espaço conta com o apoio do Instituto Capixaba de Pesquisa, Assistência Técnica e Extensão Rural (Incaper) por meio do Centro de Cafés Especiais do Espírito Santo (Cecafes).
Pesquisa e tradição
Laboratório da Ciência do Café em Santa Teresa, Espírito Santo, é uma parceria do Ifes com o Incaper
Reprodução/TV Gazeta
A Região Serrana do estado é marcada pelo cultivo do café, e das montanhas capixabas saem bebidas de alta qualidade que se destacam em todo o país.
E para comprovar essa qualidade, profissionais capacitados pelo Incaper realizam o trabalho de separação e análise dos grãos para ajudar o produtor.
Os alunos e pesquisadores do Campus do Ifes na cidade já desenvolviam trabalhos voltados para o pós colheita, mas havia a necessidade de mandar as amostras para análise no Laboratório do Centro de Cafés Especiais do estado, que fica em Venda Nova do Imigrante, há mais de 70 quilômetros.
Qualquer produtor pode entrar em contato com o laboratório e levar os grãos para a análise.
“A gente tem uma preocupação muito grande com o café, o produto. Não só com a quantidade, mas com a qualidade. E pra gente entender a qualidade do café, a bebida, a gente precisa fazer a análise. Agora com o equipamento aqui a gente vai receber amostras dos nossos produtores para terem o laudo e aí eles vão conhecer a qualidade do produto que eles vão estar comercializando”, destacou o diretor geral do Ifes de Santa Teresa, Ednaldo Miranda de Oliveira.
Laboratório da Ciência do Café do Ifes em Santa Teresa, Espírito Santo, vai ajudar produtores a melhorarem a qualificação do café
Reprodução/TV Gazeta
Para o funcionamento do laboratório, a Secretaria de Agricultura e Desenvolvimento Econômico de Santa Teresa doou equipamentos essenciais e emendas parlamentares garantiram o financiamento do projeto.
Atualmente, o espaço trabalha com 24 propriedades, dez em Jaguaré, seis em córrego seco, seis em Alto Caldeirão, uma no Mangangá e uma em São Roque do Canaã, todas de Conilon.
Além disso tem amostras para café espresso que vai envolver pelo menos dez propriedades de café arábica.
A Amanda Mariani é uma das alunas que utiliza o objeto de estudo, que são os grãos de café para realizar a tipificação, e a partir disso, ajudam na orientação para os produtores.
“Cada grão a gente começa classificando seguindo os defeitos dele. Seguimos a folha onde tem alguns defeitos preto, preto verde, brocado. Então a gente começar a fazer essa separação deles. Depois de feito isso, a gente conta essa quantidade de defeitos e começa a classificar o café como a gente conhece ele no mercado. Isso influencia no preço e na qualidade do café”, pontuou.
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De acordo com a coordenadora do laboratório, ao conhecer melhor as qualidades do próprio café, o produtor consegue valorizar o produto e lucrar ainda mais com a venda.
“Quando a gente retira o café da região de só como commoditie, de vender pelo preço básico praticado pelo mercado, o café de qualidade, o produtor vai ter um nicho específico de mercado que está disposto a pagar preços melhores. Então, com poucas ações dentro da propriedade, e essa capacidade que o produtor vai ter nesse acesso ao laboratório, de poder mapear a qualidade do café dele de tempos em tempos, ele consegue entregar um café de melhor preço e traz uma maior autonomia para a propriedade rural”, afirmou a coordenadora.
Produtores de café vão poder analisar qualidade do produto em laboratório do Ifes inaugurado em Santa Teresa, Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
A estudante de agronomia Vitório Augusto Menegardo é filho de cafeicultores e resolveu avaliar o café produzido na cidade onde nasceu, Jaguaré, no Norte do estado.
“A minha pesquisa tem o intuito de traçar o perfil sensorial do café conilon em uma determinada localização em Fátima, no município de Jaguaré. A gente pegou amostras de dez produtores para fazer uma representativa daquele local”, afirmou.
Com os resultados da pesquisa, a família dele e de outros produtores analisados descobriram que tinham potencial para aumentar a classificação do café que produzem.
“Meu pai é produtor de café desde sempre. Então agora eu estou tendo a oportunidade de trabalhar com o nosso café. Ele sempre foi produção para venda, a gente nunca visou a questão do café bebida. E agora estou tendo essa oportunidade de trazer o meu café, estudar e ver o que eu posso agregar nele”, finalizou.
Estudantes trabalham com análise de grãos de café para ajudar na classificação do produto em laboratório no Espírito Santo
Reprodução/TV Gazeta
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