Justiça obriga PMRR a liberar informações sigilosas sobre promoção de oficiais

(Foto: Neto Figueiredo)

O Tribunal de Justiça de Roraima (TJRR) determinou que o Comandante-Geral da Polícia Militar, Coronel Miramilton Goiano de Souza, retire o sigilo e forneça as fichas de avaliação funcional de oficiais candidatos a promoção. A decisão, publicada em 14 de abril e relatada pelo Desembargador Almiro Padilha, atende a um Habeas Data impetrado por um tenente-coronel que alegou falta de transparência e possível fraude no processo seletivo.

Contexto da determinação

O oficial recorreu à Justiça após tentativas administrativas frustradas de acessar suas avaliações, essenciais para recorrer da não promoção na última seleção, em setembro de 2024.

O comando da PMRR negou os pedidos com base em um decreto estadual que previa confidencialidade das fichas, argumento rejeitado pelo TJRR. Os desembargadores consideraram que as informações não se enquadravam nas exceções previstas na Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) ou na Lei de Acesso à Informação (LAI).

Irregularidades apontadas

Ao analisar os documentos, o oficial identificou distorções em sua avaliação, como:

  • Punições inexistentes registradas em sua ficha;
  • Pontos de medalhas e tempo de serviço não contabilizados;
  • Notas artificialmente rebaixadas por membros da Comissão de Promoção (CPO).
    Em contraste, outros oficiais teriam recebido notas máximas, como um coronel que já havia sido preso pela Polícia Federal após assumir o subcomando da PMRR.

Suspeitas de favorecimento

O caso ganhou repercussão após denúncia anônima ao Ministério Público (MP) sobre favorecimento na promoção de setembro de 2024. À época, o MP firmou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Comandante-Geral, exigindo cumprimento de regras como divulgação de vagas e limites de promoções.

Apesar disso, oficiais foram promovidos acima do número de vagas, incluindo um coronel, que atuou como Diretor de Recursos Humanos durante o processo — cargo que lhe dava acesso às notas dos concorrentes.

Próxima promoção sob questionamento

A nova cerimônia, marcada para 22 de abril (data alusiva a Tiradentes), ocorre sob críticas de repetição do sigilo. Advogados defendem que a decisão do TJRR pode ajudar a garantir transparência. “Um oficial não pode ser candidato e chefe da instrução do processo. A participação de interessados na comissão vicia a lisura”.

O TJRR reforçou que o sigilo em processos administrativos só é válido quando justificado por segurança pública, não se aplicando a avaliações funcionais. A decisão abre precedente para que outros militares solicitem revisão de suas promoções.

A FolhaBV entrou em contato com a PMRR para posicionamento e aguarda retorno.

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