
Tradição que começou há mais de 20 anos em Jaú (SP) reúne devotos em oração e reflexão até o distrito de Pouso Alegre de Baixo. Há mais de duas décadas, dezenas de católicos em Jaú, no interior de SP, mantêm viva uma tradição de fé e reflexão: a caminhada penitencial de mais de 10 quilômetros realizada nas madrugadas de Sexta-feira Santa até o distrito de Pouso Alegre de Baixo. O ato simbólico remete ao luto pela morte de Jesus Cristo e antecede o domingo de Páscoa.
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Neste ano, a tradição se repetiu. Devotos se reuniram logo no início da manhã desta sexta-feira (18) em frente à Paróquia de São José, no bairro de mesmo nome, com destino à Capela de Santa Luzia, no distrito rural.
O pároco da Paróquia de São José, padre Fabrício Rodrigues, explicou em entrevista ao g1 que a caminhada surgiu da necessidade de oferecer aos fiéis um momento de penitência e revisão de vida.
“A Sexta-feira Santa é, para a Igreja, um dia de silêncio, contemplação e oração. Neste dia, todos somos convidados a meditar sobre a paixão e morte de Jesus, mistério central da nossa fé. Caminhando e rezando, o fiel tem a oportunidade de rever seus erros e buscar uma verdadeira mudança de vida”, conta o sacerdote.
A peregrinação começou há mais de 20 anos, idealizada por padres da Ordem Premonstratense na cidade. Inicialmente, a concentração era na Paróquia São Judas Tadeu, em um bairro vizinho. Com o desmembramento da paróquia, o ponto de partida passou para a Paróquia de São José, reunindo fiéis de toda a cidade.
O trajeto até a capela é desafiador: feito por estradas de terra, com pedras, lama, subidas e descidas. Para muitos, isso intensifica o sentido penitencial da jornada. Segundo padre Fabrício, o percurso também se tornou oportunidade para pagar promessas.
Entre os fiéis mais assíduos está Severina dos Santos Nascimento, de 67 anos. Ela participou da caminhada desde as primeiras edições, ainda nos tempos do padre Oswaldo, antigo pároco da Paróquia São Judas. “É muito bom, a gente vai caminhando, vai rezando, além de ser um tempo muito especial” conta a devota.
Severina segue a tradição junto de sua família e vê a caminhada como uma forma concreta de viver a Sexta-feira Santa.
“É um dia muito especial. Um dia que a gente tem que guardar ele bem guardado, que é um dia que a gente tem que se lembrar do sofrimento de Jesus Cristo. Ele que morreu por nós, por amor a nós”, completa.
Mesmo sem preparação física especial, ela encara os 10 quilômetros de ida, e também os 10 da volta.
Durante o trajeto, a Paróquia de São José organiza uma equipe de apoio que distribui água e presta assistência aos peregrinos. Um carro de suporte acompanha o grupo e, ao final, no distrito, é oferecido um ônibus para quem deseja retornar de forma mais confortável. Muitos, no entanto, optam por fazer o caminho de volta também a pé, como Severina.
“A gente vai pela fé mesmo. Chega o dia, coloca o calçado, acorda cedo e vai. Eu vou e volto. Não canso, não. Se tivesse que fazer de novo, faria”, garante.
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Jorge Júnior/Rede Amazônica
Para os católicos, assim como para evangélicos e protestantes, a Páscoa é considerada um marco na história da salvação da humanidade, centrada no sacrifício de Jesus Cristo na cruz.
Esse ciclo espiritual se inicia ainda na Quaresma, logo após o Carnaval, passa pelo Domingo de Ramos e culmina na Semana Santa.
A Sexta-feira Santa representa o ápice do luto e da contemplação, enquanto o domingo de Páscoa celebra a ressurreição e a esperança de uma vida nova.
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