JULIA CHAIB
WASHINGTON, EUA (FOLHAPRESS)
O presidente Donald Trump afirmou nesta quinta-feira (17) estar confiante de que chegará a um acordo com a União Europeia a respeito da imposição de tarifas. A declaração foi dada diante da primeira-ministra da Itália, Georgia Meloni, na Casa Branca.
“Ah, haverá um acordo comercial, 100%. Por que você acha que não haverá? Claro que haverá um acordo comercial, com certeza. Eles querem muito fazer um acordo. E nós vamos fazer um acordo comercial. Eu espero isso plenamente. E será um acordo justo”, disse Trump. O presidente americano acrescentou que não tem pressa para chegar a um desfecho e que isso ocorrerá em “algum momento”.
Antes do almoço a portas fechadas com Trump e sua equipe, Meloni afirmou que pretende convidar o republicano para uma viagem à Itália e organizar um encontro com representantes da União Europeia. Ela defende que todos conversem francamente sobre as necessidades.
“Tenho certeza de que podemos fazer um acordo, e estou aqui para ajudar nisso. Não posso fechar este acordo em nome da União Europeia. Meu objetivo seria convidar o Presidente Trump para uma visita oficial à Itália e entender se há possibilidade de organizar também uma reunião com a Europa”, disse a primeira-ministra italiana.
Considerada uma aliada por Trump, Meloni serve como uma interlocutora da União Europeia nas negociações sobre as tarifas recíprocas. O presidente impôs uma sobretaxa de 20% ao bloco. Essa alíquota foi pausada e substituída por uma de 10% durante 90 dias enquanto o governo americano negocia com os países.
A redução levou a União Europeia, que havia anunciado tarifas retaliatórias aos EUA, a pausar sua investida pelo menos até 14 de julho. Trump diz estar confiante que vai costurar um acordo até essa data. Nesta quarta (16), o presidente relatou ter se encontrado com negociadores de alto nível do Japão.
O republicano também voltou a falar que acredita num acordo com a China, cujas tarifas aplicadas pelos EUA já somam a 145% -os produtos podem ser taxados em até 245% graças ao acúmulo de alíquotas.
Antes de viajar, Meloni afirmou a líderes empresariais que apoia uma proposta da Comissão Europeia para zerar as tarifas entre Estados Unidos e o bloco e que faria esta proposta em Washington.
Na segunda-feira (14), uma porta-voz da presidente da comissão europeia afirmou a jornais que a primeira-ministra italiana está autorizada a negociar em seu nome. “A Presidente da Comissão Europeia e a Primeira-Ministra italiana estão em contato regular; a intenção de Meloni de explicar a posição europeia em Washington é vista de forma muito positiva e foi coordenada de perto com a Comissão”, afirmou o porta-voz.
Funcionários seniores do governo Trump afirmam que estão previstas conversas sobre defesa, transporte marítimo e o papel da Itália no Corredor Econômico Índia, Oriente Médio e Europa (Imec, na sigla em inglês).
A Itália está entre os países os quais o republicano reclama de colaborarem pouco com recursos à Otan, aliança pela defesa do Ocidente.
A Otan tem 31 países membros e, segundo o governo americano colabora com 1,49% do PIB ao grupo, inferior aos 2% com os quais as nações estão comprometidas. Trump tem reclamado que os Estados Unidos colaboram com valores desproporcionais aos demais membros.
Segundo o funcionário do governo, Trump tem a intenção de exportar energia barata para o mundo, e isso também será um dos tópicos da conversa.