FÁBIO PUPO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta quinta-feira (17) que a guerra comercial entre Estados Unidos e China não é motivo de comemoração, mas gera oportunidades para o mercado exportador brasileiro.
Com as medidas dos Estados Unidos e o bloqueio comercial entre as duas potências, a expectativa entre especialistas é que o Brasil consiga ocupar parte do espaço deixado pelo mercado agrícola americano. Não só nas vendas para a China, como também para outras economias -como a União Europeia- que eventualmente retaliem o governo de Donald Trump.
“Eu não gosto de comemorar um momento de tragédias e muito menos de instabilidade, como é esse momento que estamos vivendo. Mas, sem sombra de dúvida, torna-se uma oportunidade”, afirmou.
Fávaro deu as declarações à imprensa após participar de reunião de agricultura do grupo dos Brics, no Palácio do Itamaraty. Segundo ele, a discussão tarifária capitaneada pelo presidente americano Donald Trump não está no centro dos debates, mas fortalece o bloco.
“A afronta por parte do governo norte-americano, com um protecionismo sem precedentes, criando barreiras tarifárias, certamente nos induz ao fortalecimento do bloco e buscamos, então, as oportunidades, aquilo que cada país membro do bloco tem de potencialidades. Traz à mesa a ampliação das relações comerciais”, afirmou.
Paralelamente às reuniões do Brics, uma delegação com representantes do governo chinês tem reuniões marcadas com o Ministério da Agricultura e compromissos técnicos a campo. A expectativa de Fávaro é que a visita amplie o comércio entre os dois países.
“Eles dão uma visita de rotina, questionários estão sendo ampliados, tirando dúvidas, sendo uma rotina mais na expectativa da ampliação dos negócios”, afirmou. “São questões sanitárias e tributárias para a comercialização de produtos da agropecuária para aquele país. É onde se fazem as habilitações, por exemplo, de plantas frigoríficas, as habilitações para grãos, fibras. É onde se faz a formalização do acordo comercial”.
De acordo com ele, o Brasil enviou recentemente à China uma lista de mais 40 frigoríficos a serem habilitados. As de frango e suínos estão aguardando habilitação e as de carne bovina, diz Fávaro, ainda vão passar por uma revisão pelas autoridades do país asiático. “São regras muito normais, muito naturais, mas na certeza de que ninguém no mundo tem qualidade e segurança sanitária como a carne brasileira”, disse.