SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O primeiro-ministro japonês, Shigeru Ishiba, afirmou nesta quinta-feira (17), horário do Japão, que o diálogo comercial com os Estados Unidos “não será fácil”, depois que seu enviado iniciou negociações com Washington sobre as tarifas do presidente Donald Trump.
“Claro, o diálogo daqui para frente não será fácil, mas o presidente Trump expressou seu desejo de dar máxima prioridade às negociações com o Japão”, disse Ishiba em Tóquio. “Reconhecemos que esta rodada de diálogo criou uma base para os próximos passos e apreciamos isso”, acrescentou.
O primeiro-ministro japonês disse na segunda-feira, que seu país, um aliado próximo dos EUA, não terá pressa em chegar a um acordo e não planeja fazer grandes concessões.
Ishiba descartou, por enquanto, a possibilidade de contramedidas às tarifas dos EUA.
Em Washington, o presidente dos EUA, Donald Trump, disse que houve um “grande progresso” ao tomar a iniciativa surpreendente, nesta quarta (16), de negociar diretamente com autoridades japonesas sobre a enxurrada de tarifas que ele impôs às importações globais.
“É uma grande honra ter acabado de me reunir com a delegação japonesa sobre comércio. Grande progresso!” Disse Trump em uma mensagem de mídia social que não continha detalhes sobre as discussões.
Tóquio enviou aos Estados Unidos seu ministro da Revitalização Econômica, Ryosei Akazawa, para dar início ao diálogo.
A autoridade japonesa esperava limitar as discussões a questões comerciais e de investimento.
Porém Trump interveio antes, dizendo que também estaria lá para levantar questões, incluindo o quanto Tóquio paga para hospedar as tropas dos EUA no Japão, o maior destacamento dos EUA no exterior.
“O Japão está chegando hoje para negociar tarifas, o custo do apoio militar e a ‘justiça comercial'”, disse ele em um post no Truth Social.
“Participarei da reunião, juntamente com os secretários do Tesouro e do Comércio”, acrescentou.
“Espero que seja possível chegar a um acordo que seja bom (ótimo!) para o Japão e os EUA!”
O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, e o secretário de Comércio, Howard Lutnick, também estiveram no encontro, junto com outras autoridades.
O anúncio feito por Trump no início deste mês de aumentos nas tarifas de parceiros comerciais em todo o mundo acendeu preocupações sobre os riscos de uma recessão, inflação mais alta e aumento das taxas de juros, jogando os mercados financeiros em uma montanha-russa.
O secretário do Tesouro de Trump havia dito anteriormente que espera fechar acordos que abrangeriam tarifas, barreiras não tarifárias e taxas de câmbio, embora Tóquio tenha pressionado para manter este último tópico a parte.
O governo japonês foi um dos primeiros a iniciar negociações face a face desde que Trump anunciou tarifas abrangentes sobre dezenas de países -tanto aliados quanto adversários- no início deste mês.
O Japão foi atingido por taxas de 24% sobre suas exportações para os Estados Unidos, embora essas cobranças, como a maioria das tarifas de Trump, tenham sido suspensas por 90 dias.
No entanto, uma taxa universal de 10% continua em vigor, assim como uma taxa de 25% para carros, um dos pilares da economia japonesa que depende da exportação.
Bessent disse que há uma “vantagem de ser o primeiro a se mover”, já que Washington disse que mais de 75 países solicitaram conversações.