Superlotação e demora são principais queixas no transporte público do DF

foto ascom semob df

Por Daniel Xavier
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A superlotação dos ônibus e o longo tempo de espera nas paradas são os principais problemas enfrentados pelos usuários do transporte coletivo no Distrito Federal. A constatação vem de uma pesquisa preliminar divulgada nesta quarta-feira (16) pelo Tribunal de Contas do DF (TCDF), durante coletiva de imprensa. O levantamento, que faz parte de uma auditoria sobre a qualidade e transparência do Sistema de Transporte Público Coletivo do DF (STPC/DF), ouviu passageiros para avaliar a satisfação com o serviço prestado.

Segundo os dados apresentados, 67% dos usuários indicaram a superlotação como o maior desafio do sistema, seguido pelo tempo de espera, apontado por 58% dos entrevistados. Outros aspectos criticados foram a pontualidade dos ônibus (48%), a duração das viagens (43%) e a falta de ventilação adequada nos veículos (38%). A pesquisa segue aberta até o dia 28 de abril, e pode ser respondida em cerca de três a quatro minutos, por meio do link: https://forms.office.com/r/XM9U9wNgLe, ou no site do TCDF. Todas as informações são anônimas e tratadas de forma confidencial.

Assédio e insegurança

Além da insatisfação com o funcionamento do serviço, os passageiros também demonstraram preocupação com a segurança nos coletivos. A pesquisa revelou que 40% dos entrevistados já presenciaram casos de assédio ou abuso sexual nos ônibus, enquanto 37% das mulheres afirmaram ter sido vítimas diretas desse tipo de violência. A insegurança também se reflete nos relatos de furtos e roubos presenciados por 46% dos participantes, sendo que 23% relataram ter sido vítimas desses crimes.

Outro dado que chama atenção é o tempo gasto pelos usuários dentro dos ônibus. De acordo com o levantamento, cerca de 50% dos passageiros relataram passar mais de uma hora por viagem, somando deslocamento e espera. Para o presidente do TCDF, conselheiro Manoel de Andrade, os números mostram a necessidade de uma escuta mais ativa da população. “O usuário final do transporte é aquele que precisa ser ouvido. Temos a perspectiva de interagir mais com a sociedade para construir soluções”, afirmou o presidente ao lembrar que em 2024, o Governo do Distrito Federal (GDF) destinou R$ 1,9 bilhão ao transporte público, que somou 313 milhões de acessos de passageiros ao longo do ano. A pesquisa se debruçou especificamente sobre os ônibus da capital, excluindo o transporte rural, metrô ou semiurbano (para o Entorno).

 

Avaliação e

rodoviaria plano piloto foto daniel xavier (2)

Foto: Daniel Xavier

melhorias

Um ponto positivo destacado no relatório foi a retirada do pagamento em dinheiro dentro dos ônibus, medida implantada em dezembro de 2024. Atualmente, os pagamentos são feitos exclusivamente com cartões (Mobilidade, crédito, débito, vale-transporte ou passe estudantil), o que aumentou a segurança e a agilidade no embarque.

Em entrevista exclusiva à reportagem do jornal de Brasília, o secretário da Secretaria de Transporte e Mobilidade (Semob), Zeno Gonçalves, comentou os resultados da pesquisa e as ações em andamento para melhorar o sistema de transporte. Segundo o secretário, a Semob recebeu os resultados com “bastante tranquilidade”, destacando a importância da pesquisa do TCDF para a orientação das políticas públicas. No entanto, ele fez uma ressalva importante: “Uma pesquisa é feita com dados científicos rigorosos, enquanto uma enquete é apenas uma amostra de quem se dispôs a responder. Precisamos ampliar essa pesquisa para garantir que as ações a serem tomadas estejam baseadas em um diagnóstico mais robusto e abrangente”, afirmou Gonçalves.

Em relação à superlotação, apontada por 67% dos passageiros, o secretário destacou que o problema é conhecido pela Semob e que já estão sendo tomadas ações concretas. “Desde o ano passado, estamos revisando o Plano Diretor de Transporte Urbano (PDTU), que visa ajustar a operação e aumentar a frota nos horários de pico”, explicou o secretário. A revisão do plano inclui a identificação das linhas mais afetadas pela alta demanda, com foco em melhorar o atendimento nas regiões de maior pressão.

Outro dado que chamou a atenção foi a constatação de que 71% dos passageiros precisam pegar mais de um ônibus para chegar ao destino, o que é um reflexo da centralização das atividades econômicas em áreas como o Plano Piloto. Sobre esse aspecto, o secretário afirmou que “a descentralização da atividade econômica é um passo fundamental para reduzir a necessidade de baldeações”, e destacou os projetos em andamento para ampliar faixas exclusivas de ônibus e implementar o BRT Norte e BRT Oeste e outros, que devem reduzir significativamente o tempo de viagem em algumas regiões.

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