Aliados do presidente dizem que governo precisa melhorar relação com sua base no Congresso. Diante da elevada taxa de infidelidade na assinatura do requerimento de urgência do projeto da anistia, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) está diante de duas situações: retaliar os infiéis, acima de cem deputados, ou relevar as traições e buscar melhorar a relação com a base aliada.
Retaliar, segundo líderes de partidos governistas, é perigoso. O governo não estaria com essa “bola toda” no Congresso para enfrentar sua base aliada.
PL da Anistia: Motta indica que decisão sobre urgência será dos líderes partidários
O melhor caminho é trabalhar melhor o relacionamento com o União Brasil e atender o pedido do PSD de trocar de ministério que representa os deputados. A bancada do PSD não quer mais o Ministério da Pesca.
Interlocutores de Lula no Congresso lembram que o governo precisa de sua base neste ano para aprovar o projeto de isenção do Imposto de Renda e a PEC da Segurança Pública.
O presidente da Câmara dos Deputados, Hugo Motta (Republicanos-PB), durante sessão plenária
Bruno Spada/Câmara dos Deputados
Viabilidade
A avaliação, inclusive, é que o projeto da anistia não tem viabilidade legal e vai ser derrubado mais cedo ou mais tarde. Nem que seja pelo Supremo Tribunal Federal (STF), por ser inconstitucional.
Na Câmara, o governo conta com o presidente da Casa, Hugo Motta, para não pautar o requerimento de urgência. Se decidir dar andamento ao projeto da anistia, vai mandá-lo para as comissões.
Além disso, há negociações em curso para reduzir penas de casos menos graves para esfriar o clima dentro da Câmara dos Deputados.
Segundo alguns líderes, o presidente Lula tem parte de responsabilidade na elevada taxa de infidelidade na urgência da anistia porque não deu andamento à reforma ministerial, não atendendo a pedidos de partidos do Centrão e da Frente Ampla.
Alguns aliados dizem que Lula deu uma de quem não precisava atender os pedidos de sua base e acabou colhendo a infidelidade no projeto da anistia.
