RENAN MARRA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS)
Alvo de ataques frequentes feitos por Donald Trump em seus quase cem dias de governo, o ex-presidente Joe Biden, 82, voltou nesta terça-feira (15) ao debate político dos Estados Unidos para defender o legado que deixou e devolver críticas à gestão do republicano, ainda que sem mencioná-lo diretamente.
“Em menos de cem dias, este novo governo causou tanto dano e tanta destruição. É de tirar o fôlego”, disse Biden num evento para defensores e representantes de pessoas com deficiência, em Chicago.
Foi o principal discurso de Biden desde que ele deixou a Presidência, em 20 de janeiro. E foi a primeira vez que o o democrata criticou publicamente o atual governo.
O foco do democrata foi a Previdência Social, área já considerada estratégica pelos democratas para reverter a maioria republicana no Congresso em 2026, quando ocorrem as chamadas midterms, as eleições legislativas na metade do mandato do chefe do Executivo.
Segundo Biden, o setor foi manchado pelo atual governo. Ele mencionou a demissão de funcionários que teriam causado disrupções nos sistemas da Previdência. O governo Trump planeja demitir 7.000 funcionários no setor, além de impor planos para impor medidas mais rigorosas de verificação de identidade para os beneficiários.
“A Previdência Social é mais do que um programa do governo, é uma promessa sagrada que fizemos”, disse Biden. “Nós nunca, jamais, devemos trair essa confiança ou virar as costas para essa obrigação.”
O discurso de Biden ocorreu em um momento em que os democratas, em todo o país, buscam elevar a Previdência Social como uma questão fundamental para as eleições de meio de mandato de 2026, que decidirão o equilíbrio de poder no Congresso nos últimos dois anos do mandato final de Trump.
Como se precavendo de críticas, ela ainda enfatizou que o atual governo vai proteger os idosos que receberam benefícios de aposentadoria. Também mencionou o decreto Trump que impede imigrantes de obter benefícios da Previdência Social.
O discurso de Biden indica um comportamento novo durante o governo Trump das lideranças democratas, cuja oposição ao atual presidente tem sido apontada como frágil na maioria das frentes. No começo do mês, Barack Obama e Kamala Harris, ex-presidente e ex-vice, respectivamente, também dispararam críticas ao republicano, em eventos separados.
Obama mencionou os esforços de Trump para remodelar o governo federal, reprimir a imigração e intimidar a dissidência. Ele afirmou que as tarifas impostas pelo republicano a vários países “não serão boas” para Washington. Mas a sua maior preocupação, enfatizou, é o que ele chamou de violação de direitos por parte da Casa Branca.
Kamala, por sua vez, disse que a volta de Trump à Presidência criou “grande sensação de medo”, o que inibe manifestações contrárias ao governo. Ela foi derrotada pelo republicano nas eleições de novembro.