Traficante ‘Cheio de Ódio’ é morto em operação após morte de policial no RJ

SÃO PAULO, SP (UOL/FOLHAPRESS)

Cinco suspeitos, incluindo o chefe do tráfico da Ladeira dos Tabajaras, foram mortos hoje durante uma operação na zona sul do Rio para tentar prender os assassinos do policial civil João Pedro Marquini, 38, assassinado no dia 30 de março, na Grota Funda, zona oeste da cidade. O agente era marido da juíza Tula Corrêa.

Cinco mortes. De acordo com a Polícia Civil do Rio de Janeiro, os suspeitos, que não tiveram os nomes divulgados, eram integrantes de facções criminosas e foram assassinados porque reagiram. A operação foi realizada nas comunidades dos Tabajaras e dos Cabritos, na zona sul do Rio. Local onde foi realizada a ação fica na divisa dos bairros de Botafogo e Copacabana.

Chefe do tráfico foi morto. Entre os mortos, está Vinícius Kleber Di Carlantoni Martins, conhecido como “Cheio de Ódio”, apontado pelas autoridades como um dos chefes do tráfico da zona sul do Rio. “O criminoso era um dos responsáveis por estimular ataques covardes contra as forças de segurança pública”, segundo a polícia.

Três homens foram presos. A identidade dos detidos não foi divulgada. Policiais civis da Delegacia de Homicídios da Capital e da Core (Coordenadoria de Recursos Especiais) realizaram hoje uma operação contra criminosos envolvidos no latrocínio do agente da Core, João Pedro Marquini.

Os agentes foram atacados e houve confronto, segundo a polícia. “A reação da polícia vai depender da ação do criminoso. Se eles não reagirem, não haverá confronto e as forças policiais irão cumprir os mandados. Caso haja reação, é uma opção deles e iremos responder na mesma altura”, explicou o secretário de estado de Polícia Civil, delegado Felipe Curi.

Buscas para identificar criminosos que mataram policial. As investigações apontaram que o veículo usado em um ataque no Cesarão, em Santa Cruz, pouco antes do episódio que envolveu o policial e sua esposa, pertencia ao traficante “Cheio de Ódio”. O agente da Core e sua esposa retornavam da casa da mãe dele, em Campo Grande, quando foram abordados por criminosos armados em uma tentativa de assalto. O policial foi baleado e morreu no local.

“A Polícia Civil realizou diligências para identificar os envolvidos nesse crime desta da data do fato. Testemunhas foram ouvidas, imagens de câmeras de segurança e cruzamento de dados de inteligência possibilitaram chegar na identificação dos autores. As investigações continuam para capturar os demais envolvidos e desarticular o grupo criminoso responsável pela execução do policial”, disse a PCERJ.

João Pedro Marquini foi morto a tiros na Grota Funda. Ele e Tula, do Tribunal do Júri do Rio de Janeiro, estavam em carros separados. Ela seguia em seu carro particular blindado e o agente vinha logo atrás, sozinho. Na altura do Túnel da Grota Funda, criminosos atacaram.

Juíza não se feriu. O carro dela foi atingido por disparos, mas os tiros não perfuraram o automóvel. Após o crime, os suspeitos fugiram para a comunidade Cesar Maia, em Vargem Pequena. O local é controlado pelo Comando Vermelho. A polícia fez uma operação no mesmo dia do crime e encontrou o carro, modelo Tiggo, usado pelos criminosos.

Tula ponderou que se não fosse a ação do marido, poderia estar morta. “Eu posso afirmar com certeza que, se não fosse a ação do João saindo do carro para desviar o foco dos criminosos, eles conseguiriam fazer com que os disparos de fuzil ultrapassassem a blindagem do meu carro. Ele não reagiu, ele agiu para me salvar, ele deu a vida para me salvar”, declarou em entrevista ao Fantástico, da TV Globo.

Ela contou que usou técnicas de defesa recebidas do Tribunal de Justiça do Rio e do marido para conseguir escapar. “Ele me treinou para que eu pudesse usar na prática estes mecanismos de defesa”.

A magistrada também afirmou querer justiça pela morte do marido. “Será que não estão vendo que a violência está banalizada e ninguém está fazendo nada? Estamos em um ponto que se tem algo pior que isso, nunca vi. O João costumava dizer que as coisas só melhorariam quando as autoridades passassem a ser afetadas pela violência. Eu não imaginei que eu fosse ser justamente a autoridade para que alguém pudesse fazer algo concreto. Não vou sentar ali como vítima, vou agir, fazer o que for necessário para que seja dada a punição e para que a gente consiga uma cidade onde nós possamos circular livremente”.

O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital. Ainda não há informações detalhadas do que teria motivado o ataque.

João Pedro e Tula estavam casados desde fevereiro de 2024. Nas redes sociais, ela postava fotos do casal em viagens por diferentes países.

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