O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) passou neste domingo por uma cirurgia abdominal em Brasília com sucesso, após uma obstrução intestinal ligada às sequelas do ataque a faca que sofreu em 2018, anunciou no Instagram sua mulher, Michelle.
“Cirurgia concluída com sucesso!”, publicou a ex-primeira-dama, após mais de 11 horas de operação. Segundo o hospital DF Star, Bolsonaro foi submetido “ao procedimento cirúrgico de laparotomia exploradora para a liberação de aderências intestinais e reconstrução da parede abdominal”.
A cirurgia começou ainda de manhã. Uma dezena de apoiadores de Bolsonaro aguardaram por notícias na entrada do hospital, entre eles Maurilio Borges Bernardes, 84, que oferecia seu apoio “moral e espiritual”. “Ele vai sair dessa, com certeza”, disse o empresário, que vestia uma camisa verde e amarela e chapéu de caubói com um adesivo de Bolsonaro.
Michelle havia pedido no Instagram que os seguidores de seu marido rezassem por ele, e ressaltado que, segundo a equipe médica, a operação seria longa.
“Essas cirurgias se tornam delicadas (…) Você tem que ter calma, paciência, para desfazer essas aderências”, explicou à AFP Camila Beltrão, especialista em cirurgias no aparelho digestivo. “Toda vez que um paciente é reoperado, tem mais chances de formar novas aderências.”
Bolsonaro chegou a Brasília ontem à noite, a bordo de um avião com equipamento médico procedente de Natal. Essa viagem ao Nordeste, um reduto histórico da esquerda, foi planejada duas semanas depois de o Supremo Tribunal Federal (STF) tornar Bolsonaro réu por suposta tentativa de golpe de Estado.
Até ontem, a decisão sobre operar Bolsonaro não havia sido tomada, embora ele mesmo tenha julgado provável que isso pudesse acontecer.
Dor e desconforto
Bolsonaro foi esfaqueado no meio de uma multidão durante a campanha presidencial de 2018. Um mês e meio depois, ele venceu a eleição presidencial, mas, como consequência do ataque, teve que passar por várias cirurgias.
Ontem, ele publicou nas redes sociais: “Depois de tantos episódios semelhantes ao longo dos últimos anos, fui me acostumando com a dor e com o desconforto. Mas, desta vez, até os médicos se surpreenderam.”
Bolsonaro é acusado de ter tramado uma conspiração, envolvendo colaboradores próximos, incluindo ex-ministros e altos oficiais militares, para permanecer no poder após as eleições de 2022, que ele perdeu no segundo turno para seu arquirrival, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Declarado inelegível até 2030 por seus ataques sem comprovação à confiabilidade do sistema de voto eletrônico, Bolsonaro ainda se apega à possibilidade de ter essa condenação anulada ou reduzida para poder concorrer à presidência em 2026.
Lula, 79 anos, ainda não decidiu se vai concorrer à reeleição. Sua popularidade caiu, pressionada pela inflação, e ele enfrentou problemas de saúde recentes. Em dezembro, o presidente passou por uma cirurgia de emergência para remover um hematoma causado por sangramento perto do cérebro após uma queda.
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