Kibom, a loja brasileira na Espanha onde até jogador do Real Madrid faz fila

vini kibom

Imagine a cena: você entra numa loja brasileira em Madrid, perto do estádio Santiago Bernabéu, pega a sua goma pra fazer tapioca e vai pro caixa. De repente, olha pro lado e quem tá na fila com a mesma sacola? Vini Jr, ou talvez Rodrygo, craques do Real Madrid. Cena improvável? Nem tanto. Isso pode acontecer com frequência na Kibom — loja que virou ponto de encontro de brasileiros na Espanha e, curiosamente, de boleiros também.

Fundada por Ataliba Alli Júnior, um sul-mato-grossense de Campo Grande que chegou à Europa em 2004, a loja vende tudo que mata a saudade da terrinha: do açaí ao creme dental nacional, passando, claro, por produtos indispensáveis como farinha de mandioca e guaraná Jesus.

A crise que levou Ataliba para fora do Brasil acabou sendo o empurrão para o sucesso. Sem emprego, sem dinheiro e com uma Espanha também em crise, ele acabou ficando com uma pequena loja que pertencia a um amigo. Como não tinha grana pra diversificar o estoque, resolveu focar em produtos exclusivamente brasileiros — decisão que parecia loucura na época, mas que virou diferencial. “Me diziam que eu ia quebrar. Mas eu não tinha outra escolha”, conta. Deu certo. Muito certo.

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Hoje, a Kibom é referência. Foi a primeira loja do tipo na Espanha e provavelmente a primeira com tenda online dedicada 100% a produtos brasileiros na Europa. São três lojas físicas — duas em Madrid e uma em Barcelona — e uma operação online que atende clientes em toda parte: França, Itália, Alemanha. Até embaixadas e consulados fazem pedidos por lá.

Entre os fregueses mais famosos, estão jogadores e ex-jogadores brasileiros que atuam ou atuaram em clubes espanhóis. Rodrygo, Vini Jr, Diego Costa, Endrick, as meninas da Seleção Feminina que atuam na Europa, como Gabi Nunes, Mônica, Antônia; e até o veterano Luiz Pereira, que foi zagueiro do Palmeiras (lembra dele?) são alguns dos que já passaram por lá.

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“Tem cliente que vem só pra ver se dá sorte de encontrar algum atleta”, diz Ataliba. E encontra. Diego Costa, por exemplo, é figurinha carimbada — sempre de olho no Flocão: “Ele é de Sergipe, a família dele deve adorar um bom cuscuz”. Diego, ex-Atlético de Madrid e Botafogo, atualmente sem clube, mora em Madrid com a família.

 “Eles (os craques) são bem mão aberta. Pagam certinho, nunca tivemos problema com inadimplência”, garante, às gargalhadas.

Mas o que mais chama atenção, além da clientela ilustre, é o nome da loja: Kibom, quase homônima da Kibon, marca de sorvetes que pertence à Unilever.

A ideia surgiu da boca dos próprios clientes, que ao entrarem na loja diziam repetidamente: “Que bom que tem isso!”, “Que bom que achei isso aqui!”. Ataliba ouviu tanto “que bom” que decidiu simplificar tudo e colocar o nome na fachada. A coincidência virou charme — e, por incrível que pareça, nunca trouxe dor de cabeça judicial.

“Mas se um dia a Kibon bater aqui, já tenho o acordo pronto”, brinca ele. “Nem eu vendo sorvete, nem vocês vendem goma de tapioca. E tá tudo certo.”

etc
A coluna Futebol Etc na edição impressa do Jornal de Brasília, nesta segunda-feira (14/4)
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