Júlia Rabello, Maria Clara Gueiros e Priscila Castello Branco em comédia afiada

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Brasília recebe, neste fim de semana, um espetáculo que é puro exercício de versatilidade e agilidade cômica. Em Agora É Que São Elas!, Júlia Rabello, Maria Clara Gueiros e Priscila Castello Branco se revezam em cena para dar vida a vinte personagens ao longo de nove esquetes que retratam o cotidiano com humor sagaz e inteligente. Com texto e direção de Fábio Porchat, a montagem conquistou o público carioca e agora chega à capital para apresentações únicas no Teatro Royal Tulip, neste sábado e domingo.

A peça aposta no humor de identificação como principal força. Situações familiares ao público ganham contornos cômicos: uma amiga supersticiosa reencontra outra absolutamente cética; um fã inconveniente tenta tirar uma selfie com sua atriz favorita; pais neuróticos comparam o próprio bebê com os filhos dos outros. Tudo é apresentado com precisão e frescor por um trio afinado e em plena sintonia.

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Júlia Rabello, Maria Clara Gueiros, Priscila Castello e Fábio Porchat. – Foto: Divulgação/Pino Gomes

Em entrevista ao Jornal de Brasília, as atrizes contaram que o espaço para o improviso foi construído ainda nos ensaios. “Como a comédia do Fábio Porchat é muito ligada ao texto, com ritmo acelerado e piadas bastante exatas, o espaço para improvisação não é tão grande. Nossa improvisação veio bastante nos ensaios e acabou sendo incorporada ao texto”, explicam.

Três gerações da comédia brasileira se encontram no palco. Maria Clara Gueiros, veterana da TV e do teatro, domina a cena com seu tempo cômico preciso. Júlia Rabello, que ganhou projeção nacional com o fenômeno Porta dos Fundos, transita com naturalidade entre personagens e imprime ritmo às transições. Já Priscila Castello Branco, que vem do stand-up e do drama, completa o trio com energia e presença cênica, dispensando qualquer artifício de caracterização. “O que me leva para o universo de cada cena são as histórias que contamos entre uma e outra. É nesse momento que, emocional e fisicamente, vou entrando em cada nova situação”, diz Priscila, que também celebra o retorno ao teatro em grupo: “O stand-up é um lugar muito solitário. A troca com outras atrizes é algo que eu sentia muita falta.”

A peça também resgata memórias afetivas para Maria Clara, que vibra com o reencontro com o teatro. “Amo estar no palco. É a minha vida desde 1987. Quando não estou fazendo, sinto que falta alguma coisa. Esse espetáculo é o auge do teatro vivo — adaptamos piadas, improvisamos, e é um prazer estar com duas atrizes que jogam na mesma frequência.”

Agora É Que São Elas! estreou em março no Festival de Curitiba com casa cheia e seguiu para uma temporada de quatro meses no Rio de Janeiro, sempre com sessões extras aos sábados. Em Niterói, os ingressos se esgotaram antes mesmo do início da curta temporada. O sucesso, segundo a equipe, vem do equilíbrio entre o texto bem amarrado e a liberdade criativa das atrizes, que encontram no improviso e na escuta ativa uma forma de renovar cada apresentação.

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Foto: Divulgação/Pino Gomes

As artistas destacam que o gênero do esquete também vive um bom momento. “A rapidez de concluir uma história e começar outra é o grande charme dos esquetes. O público viaja em várias possibilidades”, comentam.

A montagem resgata a tradição do formato com diálogos ágeis, humor ácido e uma leveza que conecta. Em tempos acelerados, a peça aposta justamente nesse ritmo frenético como ponte com o público. Cada risada vem de um lugar de reconhecimento — o cotidiano visto por um espelho levemente distorcido, que reflete com graça nossas manias, inseguranças e neuroses.

Mais do que um espetáculo de humor, Agora É Que São Elas! é uma celebração da força feminina no palco. A cada virada de cena, o que se vê é a potência transformadora do teatro — aquele que respira com a plateia, que se reinventa a cada apresentação e que, com inteligência e carisma, mostra como a comédia continua sendo uma das formas mais poderosas de se falar sobre a vida.

SERVIÇO | Agora É Que São Elas!
Teatro: Royal Tulip – Hotel Royal Tulip Alvorada – SHTN Trecho 1 – Brasília, DF, 70800-200
Curta temporada: dias 12 e 13 de abril
Horários: Sábado às 18h e 20h e domingo às 17h30 e 19h30.
Duração: 70 minutos
Classificação: 14 anos
Ingressos: Sympla

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