ALÉXIA SOUSA
RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS)
O vice-governador da Bahia, Geraldo Júnior (MDB), provocou uma saia-justa com seu correligionário e ex-ministro Geddel Vieira Lima, ao relembrar, durante uma entrevista de rádio, o episódio em que a Polícia Federal encontrou R$ 51 milhões em um apartamento ligado ao político em Salvador.
A pergunta ocorreu no programa De Cara com o Líder, comandado pelo próprio vice-governador.
Durante a transmissão ao vivo, nesta quarta-feira (9), Geraldo questionou o ex-ministro sobre o valor exato encontrado pela PF em 2017. “Foi 51 ou 54? Que eles ficam perguntando e me abusando aqui nas redes sociais…”, disse, arrancando uma reação constrangida de Geddel.
“Rapaz, aí só perguntando lá no STF. Essa coisa minha defesa já sempre deixou… não tenho responsabilidade nenhuma com isso aí, com esse problema. Pergunta lá, homem”, respondeu Geddel, aparentemente desconfortável.
Na tentativa de contornar o clima, Geraldo Júnior reforçou a proximidade com o aliado. “Você acha que me preocupa? Olha, se eu me preocupasse, eu ia trazer você aqui pra ser entrevistado? Eu ia almoçar com você? Estar com você? Lhe visitar? E ouvir seus aconselhamentos?”, indagou o vice-governador.
Geddel não possui cargo de comando no MDB, mas continua como figura influente nas decisões do partido. O ex-ministro foi um dos principais articuladores para a adesão de Geraldo ao grupo governista e ascensão ao posto de vice em 2022.
Geddel foi preso em setembro de 2017, após a Polícia Federal encontrar nove malas e caixas com R$ 51 milhões em um apartamento no bairro da Graça, área nobre da capital baiana. O local, segundo os investigadores, seria usado pelo ex-ministro para armazenar dinheiro de origem ilícita.
De acordo com a polícia, os valores apreendidos foram transportados a um banco, onde o dinheiro foi contabilizado por sete máquinas, e depositado em conta judicial.
Geddel foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por lavagem de dinheiro e associação criminosa.
O emedebista está em liberdade condicional desde fevereiro de 2022 após cumprir uma parte da condenação por lavagem de dinheiro. Ele foi condenado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) a 14 anos de prisão e chegou a ficar ficar 4 anos preso em regime fechado.
Geddel foi ministro da Integração Nacional no segundo governo Lula (de 2007 a 2010) e da Secretaria de Governo no governo Michel Temer (MDB), em 2016.
Também ocupou uma vice-presidência da Caixa Econômica no governo Dilma Rousseff, de 2011 a 2013.