Greve geral contra Milei tem adesão parcial na Argentina

A adesão foi alta entre os funcionários públicos, mas muitas lojas estavam abertas e parte do transporte público circulava nesta quinta-feira (10) na Argentina, em greve geral contra as medidas de austeridade do presidente Javier Milei.

Estações de trem e metrô estavam vazias, e mais de 250 voos foram cancelados nesta terceira paralisação liderada pelos principais sindicatos desde que Milei chegou ao poder em dezembro de 2023.

A “ação sindical” de 36 horas começou na quarta-feira com uma manifestação em frente ao Congresso para acompanhar a marcha semanal dos aposentados, os mais afetados pelos cortes de Milei, e continuará até meia-noite de sexta-feira.

“A adesão dos servidores públicos é enorme, todos os escritórios estão fechados”, comemorou Rodolfo Aguiar, secretário-geral da associação da classe, à rádio La Red. “É a medida de resistência de maior consenso na rejeição às políticas do governo nacional”.

A estatal Aerolíneas Argentinas, maior companhia aérea do país, informou que 20.000 passageiros foram afetados pelo cancelamento de 258 voos, 17 deles em rotas internacionais, o que representa um custo estimado de 3 milhões de dólares (17 milhões de reais) para a empresa.

A greve deixa o governo em suspense depois que o Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou na terça-feira que o acordo técnico de 20 bilhões de dólares (118 bilhões de reais) com a Argentina está pronto para revisão pelo conselho de diretores da organização “nos próximos dias”.

Diferentemente das greves de janeiro e maio do ano passado, as ruas de Buenos Aires apresentaram adesão mista, principalmente porque o principal sindicato dos motoristas de ônibus não cumpriu a medida, facilitando assim o deslocamento para o trabalho.

Gustavo Cortez, de 48 anos, teve que viajar duas horas de ônibus para chegar ao trabalho.

“Esta greve é uma piada”, disse ele à AFP, “mas este presidente deveria sair imediatamente. A verdade é que é uma vergonha”.

Muitas empresas abriram, mas escolas públicas estão fechadas.

“Hoje estamos trabalhando. Uma greve nunca trouxe nenhum benefício para a sociedade como um todo”, disse na rede social X o representante do governo e presidente da Câmara dos Deputados, Martín Menem, criticando a medida.

A greve marca uma deterioração no clima social após dezenas de milhares de demissões e 15 meses consecutivos de queda no consumo durante a presidência de Milei.

Ao ajustar os gastos públicos, o presidente reduziu a inflação de 211% em 2023 para 118% no ano passado, o que ajudou a trazer a pobreza de volta aos níveis de 2023 (38%), após tê-la reduzido para 52,9% no primeiro semestre de seu governo.

© Agence France-Presse

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