
Um dia depois de ataque em Guaxupé, homem foi flagrado por depositar R$ 36 mil em banco de Ribeirão Preto, além de indicar local onde arma de precisão estava escondida. Polícia investiga se fuzil apreendido foi usado por quadrilha em roubo à banco em MG
Um homem preso em flagrante na quarta-feira (9) em Ribeirão Preto (SP) é suspeito de ter participado de um ataque coordenado a uma agência da Caixa Econômica Federal e ao quartel da Polícia Militar em Guaxupé (MG) na terça-feira (8).
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A prisão ocorreu depois que agentes abordaram um trio, com pessoas de Rondônia que alegaram estar no interior de São Paulo a trabalho, com grande quantia em dinheiro em uma agência bancária na Avenida Presidente Castelo Branco, em Ribeirão Preto.
Um deles, entre depósitos e dinheiro em espécie, tinha R$ 42 mil e indicou a localização de um fuzil, que foi apreendido às margens da Estrada Velha de Jardinópolis (SP). Para as autoridades policiais, alguns fatores reforçam a suspeita de que ele teve participação direta no “novo cangaço” em Minas Gerais. São eles:
Proximidade de tempo entre os fatos;
Grande quantia em dinheiro apreendida;
Nervosismo durante a abordagem;
Apreensão de fuzil de precisão.
Fuzil apreendido em Jardinópolis, SP
Polícia Militar
Dos três suspeitos conduzidos ao plantão da Polícia Civil, ele foi o único que acabou preso em flagrante por ter sido visto fazendo os depósitos bancários e o responsável por indicar o local do armamento.
Ele foi indiciado por porte ilegal de arma de fogo e ainda passaria por audiência de custódia nesta quarta-feira. Anteriormente, já havia respondido pelo mesmo crime, além de lesão corporal e direção perigosa.
Os outros dois foram ouvidos e liberados. Eles negaram qualquer envolvimento e disseram que apenas haviam passado na agência bancária a pedido do suspeito depois de saírem para jantar juntos. O carro em que os suspeitos estavam também foi levado para a delegacia.
Em Ribeirão Preto, o caso vai ser investigado pela Delegacia de Investigações Gerais (DIG). Além da ligação entre o fuzil e o crime em Guaxupé, com um possível comparativo balístico, o objetivo é saber a origem do dinheiro que foi depositado e a beneficiária desses depósitos.
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Proximidade, dinheiro e fuzil reforçam suspeitas
O fato de o ataque em Guaxupé ter ocorrido apenas um dia antes do flagrante em Ribeirão Preto é um dos indicativos, reforçados, inclusive, pela relativa proximidade das cidades e pelo conhecimento sobre a maneira como os criminosos costumam se deslocar após delitos dessa natureza.
“Os indivíduos não respeitam fronteiras de estados, eles estão sempre transitando entre as cidades, entre os estados, e para eles não tem essa importância. A gente tem sim a suspeita de que eles estariam aqui pela região, como foi feito também em outras vezes, em outros roubos desse tipo”, afirma o tenente da PM Gabriel Garcia Bastos.
A quantia em dinheiro que estava com um deles também levanta suspeitas. De acordo com a PM, comprovantes apreendidos na agência em Ribeirão Preto confirmam depósitos da ordem de R$ 36 mil para uma mesma mulher, além de R$ 7 mil em espécie.
“Eles não conseguiram explicar a origem do dinheiro e para onde estariam sendo depositados esse dinheiro.”
Outro indicativo foi o nervosismo demonstrado pelos suspeitos quando questionados sobre o possível envolvimento com o “novo cangaço”.
“Eles foram indagados da possibilidade dessa participação com o golpe. Um deles, inclusive, demonstrou certo nervosismo, não quis mais responder as perguntas dos policiais”, diz o tenente.
Foi nesse momento, segundo o tenente, que o suspeito, que posteriormente acabaria preso, tentou subornar os policiais, oferecendo dinheiro, além de indicar o local onde teria guardado um fuzil de precisão, que acabaria encontrado na Estrada Velha de Jardinópolis. A arma, cuja origem não foi informada, tem o mesmo calibre da que foi usada em Guaxupé.
“Esse tipo de armamento não é comum, não é fácil de ser encontrado assim nas ruas como foi encontrado. Ainda mais do jeito que ele se apresenta, com luneta, bipé, lanterna, um fuzil camuflado. Ele vai ser periciado, vai ser investigado, mas, como eu falei, não é comum de ser encontrado. É um fuzil que geralmente é usado nesse tipo de ações ultraviolentas.”
Criminosos armados atacam quartel da Polícia Militar e agência bancária em Guaxupé, MG
Reprodução / EPTV
‘Novo cangaço’ em MG
Pelo menos 15 criminosos fortemente armados participaram do ataque do “novo cangaço” em Guaxupé, por volta de 1h45 de terça-feira (8).
“Novo cangaço” é um tipo de crime organizado onde quadrilhas armadas invadem cidades pequenas para realizar assaltos violentos, principalmente a bancos. Nesses ataques, criminosos costumam usar armas de grosso calibre.
Dois pontos foram atacados de forma coordenada: o Quartel da 79ª Companhia da Polícia Militar, que foi atingido por disparos e a agência da Caixa Econômica Federal, que sofreu explosões e danos generalizados. Além disso, os criminosos dispararam contra uma base da Guarda Municipal e danificaram imóveis na região central.
Um policial militar que estava de plantão no quartel foi atingido na mão por estilhaços. Ele teve ferimentos leves e já retornou ao trabalho. Não há relatos de feridos entre civis.
Um suspeito de participação no ataque foi preso em Campinas (SP). A identidade dele não foi divulgada.
Ainda não há confirmação se os criminosos conseguiram levar dinheiro da agência. Segundo a Polícia Civil, os caixas eletrônicos não eram o principal alvo da ação. O delegado afirmou que, por técnica investigativa, os valores eventualmente subtraídos ainda não serão divulgados.
Criminosos armados atacam quartel da Polícia Militar e agência bancária em Guaxupé, MG
Arte g1
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