VICTORIA AZEVEDO E CATIA SEABRA
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS)
O presidente Lula (PT) deve receber integrantes do União Brasil assim que retornar de viagem a Honduras para oficializar a mudança no comando do Ministério das Comunicações. O atual líder da bancada, Pedro Lucas Fernandes (MA), deve ser o novo chefe da pasta, substituindo Juscelino Filho (MA).
Na noite de terça (8), Juscelino oficializou sua saída do cargo, horas após ser denunciado pela PGR (Procuradoria-Geral da República), sob acusação de corrupção passiva e de outros crimes relacionados a suposto desvio de emendas.
De acordo com dois ministros, Lula sinalizou que chamaria integrantes do partido e Pedro Lucas para essa reunião em conversa ao telefone na terça (8) com o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP).
No telefonema, Alcolumbre disse ao presidente da República que Juscelino deixaria o cargo e que a indicação do partido para o posto era Pedro Lucas. De acordo com esses auxiliares do petista, ele sinalizou positivamente ao nome do parlamentar.
O deputado é da ala governista do União Brasil, foi presidente da Agência Executiva Metropolitana durante a gestão Flávio Dino no Governo do Maranhão e é parlamentar mais próximo do presidente do partido, Antonio Rueda. Em seu segundo mandato, assumiu a liderança da legenda na Câmara neste ano.
A expectativa é que Rueda, Alcolumbre e o ministro Celso Sabino (Turismo) participem da reunião com Lula e Pedro Lucas, prevista para ocorrer ainda nesta semana. O petista retorna da viagem de Honduras na madrugada desta quinta-feira (10).
Segundo o ex-líder da bancada Elmar Nascimento (União Brasil-BA), a escolha de Pedro Lucas Fernandes para o ministério é algo “natural”. “Pelo fato de ser líder, ele já é avalizado pela bancada, ninguém contesta líder. Ele tem a experiência de ter sido secretário justamente do ministro Flávio Dino. Ele votou no Lula, é um nome que não tem nenhum tipo de rejeição do lado de lá”, diz.
A escolha também passa por quem substituirá o parlamentar na liderança da sigla. O posto deverá ser ocupado pelo agora ex-ministro Juscelino Filho.
Recentemente, o líder do União Brasil integrou comitiva presidencial para acompanhar Lula em missão ao Japão e ao Vietnã -ele participou, inclusive, de reuniões mais reservadas com o petista na viagem. De acordo com aliados de Lula, o presidente gostou do deputado. Há também uma avaliação positiva da atuação dele à frente da liderança do partido entre parlamentares governistas.
Segundo um auxiliar de Lula, há uma expectativa de que a chegada dele ao ministério possa melhorar a relação política do governo com o partido. O União Brasil tem divisões internas, com uma ala mais próxima do governo e outra oposicionista. O governador de Goiás, Ronaldo Caiado, por exemplo, é crítico ferrenho do petista e lançou sua pré-candidatura à Presidência da República em evento no último dia 4.
Por outro lado, há integrantes do partido que defendem maior aproximação com o Executivo. Hoje a sigla tem três ministérios: Turismo, Comunicações e Desenvolvimento Regional. É a terceira maior bancada da Câmara (com 59 deputados) e tem sete senadores, um deles sendo o presidente do Senado.
Segundo integrantes do próprio partido, essa mudança também é um gesto do governo e de Alcolumbre a Rueda, numa tentativa de aproximar o presidente do partido ao Executivo -desde que foi alçado à chefia da legenda, Rueda não teve nenhum encontro com Lula. Além de estar mais próximo de Lula, Alcolumbre foi o responsável pela indicação de Juscelino ao ministério.
Dois membros da cúpula do União Brasil dizem ainda que isso pode significar uma “mudança de fotografia” da sigla, com figuras importantes do partido mais próximos do governo federal.