Congresso argentino investigará escândalo de criptomoedas de Milei

milei

O Congresso argentino aprovou nesta terça-feira (8) a criação de uma comissão investigadora sobre o colapso da criptomoeda “$LIBRA”, que foi promovida pelo presidente Javier Milei pouco antes de causar perdas milionárias em um escândalo apelidado de “criptogate”.

Também foi aprovada uma resolução para que o Parlamento convoque dois ministros, o chefe de Gabinete e o titular da Comissão Nacional de Valores. Milei e sua irmã Karina, secretária-geral da Presidência e mencionada em relação ao caso, não serão interpelados.

Esse é o segundo revés do governo em uma semana, após o Senado ter rejeitado na quinta-feira dois juízes da Suprema Corte indicados por Milei e nomeados posteriormente por decreto.

Em fevereiro, Milei promoveu (ou divulgou, conforme sua versão) nas redes sociais a “memecoin” $LIBRA. “Este projeto privado se dedicará a incentivar o crescimento da economia argentina”, escreveu ele.

Lançada no mesmo dia, a criptomoeda atingiu um valor de quase 5 dólares após a publicação no X e desabou 90% em duas horas. Milei então apagou sua postagem inicial e afirmou que “não estava informado sobre os detalhes do projeto”.

“Na Câmara dos Deputados vamos determinar as responsabilidades políticas dos funcionários do governo”, escreveu no X o deputado opositor Esteban Paulón após a votação, que teve 128 votos a favor, 93 contra e 7 abstenções.

Os deputados irão analisar a sucessão de fatos relacionados à promoção e divulgação da criptomoeda “que resultaram em perdas milionárias por parte de atores locais e estrangeiros”, afirmou na sessão de terça-feira o legislador opositor Pablo Juliano, e anunciou que a criação da comissão acontecerá em 23 de abril.

A moeda movimentou mais de 4,5 bilhões de dólares (R$ 26,7 bilhões) e fez os investidores perderem cerca de 250 milhões de dólares (RS 1,5 bilhão).

A oposição já havia tentado criar uma comissão para investigar o “criptogate”, mas foi rejeitada pelo Senado em fevereiro.

Enquanto isso, os interpelados serão o chefe de Gabinete, Guillermo Francos, o ministro da Economia, Luis Caputo, o ministro da Justiça, Mariano Cúneo Libarona, e o titular da Comissão Nacional de Valores, Roberto Silva. Eles devem comparecer ao Congresso no dia 22 de abril.

O escândalo gerou várias denúncias de fraude na Argentina e nos Estados Unidos.

© Agence France-Presse

Adicionar aos favoritos o Link permanente.