A Suprema Corte de Israel deu nesta terça-feira (8) ao governo e ao gabinete da procuradora-geral um prazo até 19 de abril para que encontrem uma solução para a demissão polêmica do chefe da agência de segurança interna do país (Shin Bet), Ronen Bar.
“Deixamos até depois do Pessach [Páscoa judaica, que termina em 19 de abril] para que encontrem uma solução criativa”, disse o presidente do tribunal, Yitzhak Amit.
A audiência foi marcada por discussões no tribunal e por protestos no exterior do edifício. Netanyahu destituiu Bar em 21 de março, alegando “falta de confiança”, mas a Suprema Corte suspendeu a decisão para examinar os recursos apresentados contra ela.
Durante a audiência, protestos foram organizados nas imediações e dentro do tribunal de Jerusalém, o que obrigou os juízes a suspender a sessão, que era transmitida ao vivo. A audiência foi retomada quase uma hora depois, sem público.
Esta é a primeira vez que o diretor da agência de inteligência nacional é demitido. A oposição afirma que Bar estava na mira de Netanyahu desde que criticou o governo pela falha de segurança que permitiu o ataque do Hamas contra Israel em 7 de outubro de 2023.
O diretor rejeitou a decisão de Netanyahu e alega que o primeiro-ministro baseou sua demissão em acusações “sem fundamento” motivadas por “interesses pessoais”. Também declarou que sua destituição tem como objetivo “impedir que o Shin Bet investigue os eventos que levaram ao dia 7 de outubro e outros assuntos sérios”.
– ‘Antidemocrático’ –
A procuradora-geral, Gali Baharav-Miara, também disse que a demissão de Bar foi “marcada por um conflito pessoal de interesses por parte do primeiro-ministro, devido a investigações criminais sobre seu entorno”, uma declaração que se refere a um caso conhecido na imprensa como “Catargate”, que envolvia pessoas próximas ao chefe de governo por supostos pagamentos secretos do Catar.
O advogado do governo, Zion Amir, denunciou que os recursos são “meramente políticos”. Já Tomer Naor, do Movimento para um Governo de Qualidade em Israel, que entrou com um dos recursos, afirmou à AFP que “Netanyahu está mergulhado em um conflito de interesses grave”, e disse que seu movimento pediu ao tribunal para lembrar que “Ronen Bar é responsável pela investigação do ‘Catargate'”.
Dov Halbertal, advogado que assistiu à audiência, ressaltou que “Netanyahu é o governante e pode demitir quem ele quiser, principalmente Ronen Bar, diretor do Shin Bet responsável pelo massacre” de 7 de outubro de 2023. O fato de o tribunal estar realizando esta audiência “é antidemocrático”, criticou.
Gali Baharav-Miara, que enfrentou diversas vezes Netanyahu sobre a independência do Judiciário, argumenta que a demissão de Bar pode levar a uma politização desse cargo.
© Agence France-Presse