Afonso Ventania
Bikerrepórter do Jornal de Brasília
Análise sobre a frota de veículos no Brasil, com base nos dados do Sistema Nacional de Trânsito (Senatran), disponibilizados até dezembro de 2024, confirma a paixão do brasileiro pelos carros. Em consequência, os números apontam que a infraestrutura viária enfrenta desafios para acompanhar o crescimento acelerado do número de veículos em circulação no país. Até o final de 2024, a frota nacional registrava 123.974.520 milhões de veículos, crescimento de 3,98%, comparado com o mesmo período de 2023, quando a frota total era de 119.227.657.
De acordo com o levantamento, realizado pela Associação Brasileira de Medicina do Tráfego do Rio Grande do Sul (Abramet/RS), os automóveis continuam liderando com 63.300.406 unidades (51,06%), seguidos pelas motocicletas, que representam 28.295.262 milhões (22,82%), e pelas camionetes, que totalizam 10.046.960 (8,10%). Já os caminhões, que têm um papel essencial na logística e no transporte de cargas pelo Brasil, somam 3.158.606 milhões (2,55%).
Com o crescimento acelerado da frota de veículos no país, a infraestrutura viária enfrenta desafios para acompanhar essa evolução. E é o caso da capital federal que tem uma frota de 2.159.414 milhões de veículos em circulação.
Com diversas obras de ampliação da malha viária, o Governo do Distrito Federal corre para atender a demanda cada vez maior dos condutores e investe alto em viadutos, na construção de novas vias e na extensão e recapeamento das pistas e ruas. Ocorre que, segundo Ricardo Hegele, presidente da Abramet/RS, o espaço vai ficar saturado em breve.
“Embora Brasília tenha sido projetada para o uso de veículos individuais, hoje, a quantidade de veículos já supera a capacidade de fluxo das vias e avenidas. Isso faz com que aconteçam congestionamentos, aumenta o tempo de deslocamento das pessoas que utilizam veículos individuais ou de aplicativo em detrimento do transporte público que, infelizmente não atende a contento as necessidades do DF. Há risco de colapso e do aumento nos sinistros de trânsito”, alerta.
Ainda segundo o especialista, o DF tem 1 veículo para cada 1,4 habitante “o que representa um índice de veículos muito elevado para essa concentração e esse espaço”. Para ele, a solução é investir efetivamente no transporte público para diminuir o que chamou de “carrodependência” e reduzir não só o tempo de deslocamento e sinistros, mas também problemas de saúde causados pelo longo período em veículos individuais ou coletivos. “Maior quantidade de veículos, mais congestionamento, mais tempo no trânsito e, com isso, aumenta o estresse, os riscos cardiovasculares, pulmonares em virtude dos gases emitidos pelos escapamentos e os osteos-musculares em decorrência do tempo sentado no veículo”.
Em recente entrevista ao Jornal de Brasília, o secretário de Obras, Valter Casimiro, falou sobre algumas obras que prometem melhorar a mobilidade urbana. Ele destacou a construção de faixas exclusivas de ônibus, como a da Avenida Hélio Prates, a ligação da EPTG com a EPIG e o BRT Norte. O gestor falou ainda sobre o Corredor Eixo Oeste que terá cerca de 39 km de extensão com pistas e faixas exclusivas nas principais vias de ligação entre o Sol Nascente e o Plano Piloto. O objetivo, segundo ele, é reduzir em pelo menos meia hora o tempo de deslocamento em alguns trechos.
“O governador pediu para que a gente acelerasse as obras. Elas trazem transtornos, mas o benefício vem. Nós dividimos o conjunto de obras em duas partes; a parte de infraestrutura e a parte de corredores exclusivos de ônibus. Já está bem adiantado”.
O técnico em enfermagem, Antônio Serafim, 32 anos, reclama da demora nas obras, mas entende que é preciso ter paciência. “Em horário de pico eu fico pelo menos duas horas dentro do carro. Estou apostando que após a conclusão das obras eu vou chegar mais rápido no trabalho e de volta em casa”, diz o morador do Recanto das Emas.
Já para a salgadeira Elizabeth Vergueiro, 54 anos, não há solução para o trânsito. “Não acredito que vá melhora muito. Não tenho carro e me acostumei com a demora dos ônibus. Eles (os gestores) precisam oferecer mais transporte coletivo porque são poucos ônibus. Eles demoram e quando chegam estão lotados. É um aperto muito grande”, reclama a moradora de Ceilândia que confessa usar muitas vezes o transporte irregular por mais agilidade e conforto.
Distribuição regional da frota
O levantamento realizado pela Abramet/RS também apontou as regiões e estados com maior quantidade de veículos registrados. O Sudeste lidera o ranking, concentrando 58.777.652 milhões de veículos. Dentro da região, São Paulo aparece como o estado com a maior frota do Brasil, totalizando 34.332.819 milhões de veículos. Em seguida, estão Minas Gerais, com 13.975.854 milhões, e Rio de Janeiro, com 7.973.973 milhões.
A região Sul é a segunda com maior frota do Brasil, com 23,933,423 milhões de veículos. O Paraná lidera com 9.179.769 milhões, seguido do Rio Grande do Sul, com 8.311.600 milhões, e Santa Catarina, com 6.442.054 milhões. As regiões Nordeste (22,283,247 milhões), Centro Oeste (11,885,437 milhões) e Norte (7,094,761 milhões), aparecem na sequência.
“A malha do Brasil é antiga, grande parte não recebe melhorias há mais de 30 anos e, isto, é um problema grave, pois a frota de veículos cresce exponencialmente de um ano para outro”, explica Hegele.
O crescimento da frota reflete a crescente demanda por mobilidade, mas também exige maior atenção quanto à infraestrutura viária e à segurança no trânsito. A entidade destaca a importância da fiscalização e da educação no trânsito para garantir deslocamentos mais seguros em todas as regiões do país.
Frota total de veículos no DF: 2.159.414 milhões
- 1 – Automóveis: 1.441.215 milhão
- 2 – Motocicleta: 258.604 mil
- 3 – Caminhonete: 164.607 mil
- 4 – Camioneta: 114.406 mil
- 5 – Motoneta: 30.960 mil
- 6 – Reboque: 28.623 mil
- 7 – Caminhão: 28.090 mil
- 8 – Ônibus: 14.500 mil
- 9 – Micro-ônibus: 6.711 mil
- 10 – Semi-reboque: 5.998 mil
- 11 – Caminhão-trator: 4.772 mil